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Prêmio Nobel diz que “vamos ficar bem, mas não é hora de sair para beber com os amigos”

Equipe Focus
focus@focus.jor.br

Vencedor do Prêmio Nobel de química em 2013, o britânico Michael Levitt, destoa da grande maioria dos seus colegas cientistas. Sua mensagem, baseada em estudos é a seguinte: “Nós vamos ficar bem, mas não é hora de sair para beber com os amigos”, disse.

Em uma entrevista ao jornal The Los Angeles Times, o biofísico na Universidade Stanford, em Palo Alto, na California, explicou que iniciou a análise dos números de casos de COVID-19 em todo o mundo ainda em janeiro. Logo depois, antecipou corretamente que a China passaria pelo pior de seu surto de coronavírus muito antes de muitos especialistas em saúde terem previsto. Agora ele prevê um resultado semelhante nos Estados Unidos e no resto do mundo.

Atentem: o cientista afirma que as medidas de distanciamento social, assim como ocorreu na China, são fundamentais. Portanto, não vejam em suas palavras um reforço às sandices que, por exemplo, são disseminadas pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Enquanto muitos epidemiologistas estão alertando sobre meses ou mesmo anos de perturbações sociais maciças e milhões de mortes, Levitt diz que os dados simplesmente não apontam um cenário tão terrível, especialmente em áreas onde existem medidas razoáveis de quarentena”, diz a reportagem

Eis o que Levitt notou na China: em 31 de janeiro, o país teve 46 novas mortes devido ao novo coronavírus, em comparação com 42 novas mortes no dia anterior. Embora o número de mortes diárias tenha aumentado, a taxa desse aumento iniciou uma queda. Sua tese é simples: a subida lenta de novos casos é mais reveladora do que o número de novos casos em si. Para ele, este é o sinal precoce de mudança na trajetória do surto.

“Pense no surto como um carro correndo por uma estrada aberta, disse ele. Embora o carro ainda esteja ganhando velocidade, não está acelerando tão rapidamente quanto antes. ‘Isso sugere que a taxa de aumento no número de mortes diminuirá ainda mais na próxima semana’, escreveu Levitt em um relatório enviado a amigos em 1º de fevereiro, amplamente compartilhado nas mídias sociais chinesas. E logo, ele previu, o número de mortes estaria diminuindo a cada dia”.

Três semanas depois, Levitt disse ao China Daily News que a taxa de crescimento do vírus havia atingido o pico. Ele previu que o número total de casos confirmados de COVID-19 na China terminaria em cerca de 80.000, com cerca de 3.250 mortes. A previsão mostrou-se extremamente precisa: em 16 de março, a China contava um total de 80.298 casos e 3.245 mortes – em um país de quase 1,4 bilhão de pessoas, onde aproximadamente 10 milhões morrem a cada ano. 

Agora, Levitt está vendo pontos de virada semelhantes em outros países, mesmo aqueles que não instituíram as medidas draconianas de isolamento iguais à da China. Ele analisou dados de 78 países que relataram mais de 50 novos casos de COVID-19 todos os dias e vê ‘sinais de recuperação’ em muitos deles. Ele não está focando no número total de casos em um país, mas no número de novos casos identificados todos os dias – e, principalmente, na alteração desse número de um dia para o outro.

“Os números ainda são barulhentos, mas há sinais claros de crescimento lento”. Na Coréia do Sul, por exemplo, novos casos confirmados estão sendo adicionados ao total do país todos os dias, mas a contagem diária caiu nas últimas semanas, permanecendo abaixo de 200. Isso sugere que o surto pode estar acabando.

No Irã, o número de casos COVID-19 recém-confirmados por dia permaneceu relativamente estável na semana passada, passando de 1.053 na segunda-feira passada para 1.028 no domingo. Embora ainda existam muitos casos novos, disse Levitt, o padrão sugere que o surto “já passou da metade do caminho”.

A trajetória de mortes confirma suas descobertas, disse ele, uma vez que segue as mesmas tendências básicas dos novos casos confirmados. O mesmo acontece com os dados de surtos em ambientes confinados, como o do navio Diamond Princess. Das 3.711 pessoas a bordo, 712 foram infectadas e oito morreram. ‘Essas são condições extremamente confortáveis para o vírus e, ainda assim, apenas 20% foram infectados. É muito, mas bastante semelhante à taxa de infecção da gripe comum’, disse Levitt”.

 

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