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Na série Fortaleza Empreendedora, Crica Bezerra: do mercadinho de bairro ao Grupo Geppos

 
 

Crica Bezerra, presidente do Grupo Geppos, em entrevista para o projeto Fortaleza Empreendedora

Ludovica Duarte
luduarte@focus.jor.br
Oportunidade. Este termo foi bastante citado pelo empresário Crica Bezerra, que no quarto episódio da websérie do Focus “Fortaleza Empreendedora: histórias que inspiram”, conta como se tornou um empreendedor de sucesso, com experiências no comércio, na indústria de confecção e no setor de alimentação. O empresário soube aproveitar as oportunidades que surgiram durante sua vida profissional e apostou na profissionalização da gestão para tornar o Grupo Geppos referência em qualidade de serviço e atendimento.
Crica Bezerra inicia sua história lembrando os tempos em que tornou o mercadinho da mãe no negócio da família. Estudante de estatística na UFC, o jovem optou por deixar o trabalho em tempo integral em um banco, para se dedicar aos estudos e viu no Mercado Dona Edite a oportunidade de continuar trabalhando. “Aos poucos a gente foi desenvolvendo o mercadinho, ele foi crescendo, foi tomando a casa toda e eu pensei em ir pra um lugar maior. Mamãe foi contra no início, mas a convenci de mudarmos. Deu certo, desenvolvemos mais ainda, o mercadinho continuou a crescer, tudo organizado. Depois surgiu a oportunidade de ampliar para mais um ponto. Começou a dar certo. Eu com esta onda de querer crescer, disse: ‘vamos fazer um terceiro mercadinho, minha mãe?’ E ela disse ‘de jeito nenhum! Negócio que sai abaixo dos meus olhos não faço não’”. Com isso, Crica, que estava pensando em deixar a faculdade para investir na expansão do mercadinho, optou por seguir com os estudos e investir na carreira.
A oportunidade de um estágio em uma indústria de confecção abriu caminhos para uma nova fase empreendedora. Depois de 5 anos na fábrica, foi indicado por um fornecedor das Linhas Correntes para trabalhar na Singer Industrial. A empresa estava abrindo uma filial de máquinas de costuras industriais e precisava de alguém para gerenciar. Crica Bezerra não só foi selecionado para a função, como também ficou responsável pelo sucesso de vendas da máquina “21”, novidade da marca para bordados industriais, lançada no início da década de 70, quando Fortaleza vivenciava um boom de indústrias de confecção. Diante da falta de mão de obra qualificada para operar a máquina “21”, Crica Bezerra também investiu na formação de bordadeiras profissionais que estivessem aptas para operar a máquina da Singer. Criou cursos em diferentes centros comunitários e garantiu o sucesso nas vendas da “21” e a geração de emprego para dezenas de profissionais.
Posteriormente, empreendeu com a abertura de uma revendedora das máquinas industriais da Singer, abrindo duas filiais na região metropolitana. Mas, a maxidesvalorização do cruzeiro adotada pelo ministro da Fazenda, Delfim Netto, fez com Crica Bezerra vivenciasse a primeira crise em seus negócios, que tinha como foco máquinas importadas. Diante da situação difícil, para evitar maiores prejuízos, o empresário optou por fechar a revendedora e investir na expansão do ateliê de alta costura de Fátima Castro, sua irmã. Crica desenvolveu o negócio, transformando-o em uma indústria de confecção, com aberturas de lojas e representantes em outros estados. Após 10 anos de sucesso, Crica enfrentou mais uma crise econômica no país, e com a abertura de mercado para China, que importava para o Brasil tecido e confecção barata, a indústria de confecção sofreu uma concorrência desleal.
No mesmo período, Sérgio Bezerra, seu concunhado, apresentou a Micheluccio, uma franquia de pizzaria de São Paulo, que apresentava uma pizza totalmente diferenciada. “Eu pouco entendia de pizza. Nem gostava. Mas, quando vislumbrei o que estavam vendendo lá, verifiquei que não tinha nada igual em Fortaleza. Seria a primeira pizza feita no forno a lenha, super farta. Uma grande oportunidade”, revela Crica. E assim, o empresário viu novas oportunidades de empreender no ramo de alimentação. “O investimento para fazer a pizzaria não era tão alto e a experiência que a gente tinha de gestão de uma indústria tornava bem mais simples administrar uma pizzaria. Foi uma adaptação relativamente fácil”, conta Crica.
A Micheluccio alcançou o sucesso esperado e logo veio o desejo de expansão. Surgiu a oportunidade de abrir uma filial na Beira Mar e impactar um novo público de turistas. “Encontrei um imóvel para alugar na Beira Mar. Foi um novo desafio porque o terreno era grande. Mas, para não perder a oportunidade de abrir uma filial na Beira Mar, vislumbrei a possibilidade de criar uma praça de alimentação a céu aberto”. Surgiu assim, o Beach Side, que contava com a nova unidade da Micheluccio e outras lojas sublocadas para a venda de alimentos. O modelo deu certo e Crica criou mais um Beach Side na Praia de Iracema, com nova filial da pizzaria. O diferencial da segunda filial estava na diversificação do cardápio, oferecendo outros produtos além da pizza. “Aí que abriu o leque para começar a diversificar os restaurantes além da pizzaria”, explica.
Em meio ao sucesso da Micheluccio, Crica enfrentou um novo desafio: gerenciar sua própria marca. A franquia de pizzarias estava passando por uma mudança de sócios e o empresário optou por deixar de ser franqueado para seguir com seu próprio negócio. Em 1995, surgiu a Pizza Gepetto’s, que após dois anos mudou o nome para Pizza Geppo’s, por conta da reprovação do registro da marca.
“De repente, eu estava com quatro unidades, administrando sozinho. Isso começou a complicar a gestão. Depois, vislumbrei uma outra oportunidade e, pra não perder, abri uma quinta. Aí que a coisa complicou mesmo. A gestão entrou em parafuso e coincidiu com outra crise econômica do país com a mudança da moeda o advindo da informática. Diante de tamanha complexidade tive que fazer uma reflexão e optei por desativar algumas filiais, permanecendo com duas unidades, que são os dois Geppos que temos, atualmente”, conta Crica. Em menos de dois anos, Crica conseguiu sanar os problemas financeiros da empresa e retomaram o crescimento da marca. “Veio aquela veia de expandir novamente. Só que achei que a expansão deveria ser por diferencial de produtos e não mais a expansão da mesma marca. Foi daí que surgiu o Misaki”, lembra.
A aposta no menu japonês começou como um espaço anexo ao Geppo’s, no Jardins Open Mall. Como o local não era adequado, o empresário ficou aguardando surgir um espaço melhor no Jardins Open Mall, administrado por sua esposa, Vânia Martins. Antes, porém, surgiu a oportunidade de abrir um restaurante especializado em cortes especiais de carne, no melhor estilo argentino. E assim, em 2007, Crica inaugurou o primeiro Cabaña Del Primo, despontando com sucesso entre os poucos concorrentes da época.
“Nesta nova expansão, eu já tinha aprendido com os problemas do passado e resolvi voltar para sala de aula. Fiz um MBA na área, criei um modelo de gestão mais adequado. Fiquei meio ‘psico’ com controle e com gerenciamento para evitar sofrer o que já havia sofrido. Daí, criamos uma gestão mais profissional, com muito treinamento de funcionários. Passamos a ser mais exigentes, mais controlados e mais controladores”, revela Crica. O investimento em um novo modelo de gestão rendeu ao Grupo Geppos reconhecimentos e premiações. O Grupo é certificado com o Selo Sebrae desde a primeira edição da certificação de qualidade em atendimento, em 1996. Também coleciona prêmios como Melhor Restaurante de Carnes e Melhor Restaurante Japonês pela Veja Comer e Beber, em diversas edições, além do prêmio GPTW Ceará, que reconhece as melhores empresas cearenses para trabalhar.
O Grupo Geppos continuou investindo em novos restaurantes sempre atento à qualidade e a gestão profissional. Em 2009, surgiu o novo Misaki. Posteriormente, em 2015, surgiu a oportunidade de abrir um Cabaña Del Primo no shopping RioMar, além das expansões em Teresina com a abertura de um Misaki e de um Cabaña Del Primo, no ano seguinte. O mais recente investimento do Grupo Geppos foi em 2017, com a abertura da franquia exclusiva da importadora e distribuidora de vinhos Grand Cru, uma extensão do Cabaña do Jardins Open Mall. Com 30 anos de fundação, atualmente, o Grupo Geppos emprega 210 funcionários e fatura em média R$ 32 milhões/ano (soma de todas as unidades).

 
O projeto “Fortaleza Empreendedora: histórias que inspiram” é uma realização da Focus.TV, com a direção geral de Fábio Campos, produção e roteiro de Ludovica Duarte, filmagem e edição da ADJETIVA Vídeo Branding e apoio da Prefeitura de Fortaleza, Libercard e Grupo Marquise, com apoio cultural da Assembleia Legislativa e Fundação Capistrano de Abreu.
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