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Fortaleza Empreendedora: conheça a história de Severino Ramalho Neto que, de um momento desafiador, despertou para o empreendedorismo

Fortaleza Empreendedora: histórias que inspiram
Fortaleza Empreendedora: histórias que inspiram

Ludovica Duarte
luduarte@focus.jor.br
Empreendedorismo. Por definição no dicionário Aurélio é a “atitude de quem, por iniciativa própria, realiza ações ou idealiza novos métodos com o objetivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer atividades de organização e administração”. Personagem de estreia do projeto “Fortaleza Empreendedora: histórias que inspiram”, Severino Ramalho Neto é um exemplo de pessoas que só se descobriram empreendedores após um momento de insight, que despertou nele o sentimento de pertencimento da empresa, de que podia contribuir e ser útil para o negócio do tio João Melo.
Carioca, Severino Neto cresceu em uma vida tranquila, ao lado dos irmãos e dos pais no Rio de Janeiro. Quando criança, nem mesmo o exemplo do pai empreendedor, dono de uma empresa de lapidação de pedras preciosas, despertou o interesse do jovem para os negócios. “Só mais tarde tive consciência de como meu pai era um grande empreendedor, inteligente e corajoso”. Aos 16 anos, Severino Neto perdeu o pai. Com o falecimento dele, a empresa praticamente parou. A partir daí, atendendo um convite do tio João Melo, parte da família mudou para Fortaleza. Neto, porém, opta por morar com outro tio, no Piauí.
Em 1976, de férias na capital cearense, o jovem aceitou o convite do tio João para acompanhar a rotina de trabalho dos Mercadinhos São Luiz, na época, com 3 unidades. Sem saber na época, iniciava ali sua trajetória dentro da empresa. Neto sempre teve uma ótima relação com o tio, que não teve filhos homens e via no sobrinho um parceiro, um amigo, posteriormente, um pupilo.
Já no primeiro dia acompanhando a rotina de trabalho, Neto passou por um teste. João Mello entregou um saco cheio de pacotinhos de café. “Arruma isso”, ordenou. Dentro dos saquinhos havia o “apurado” de todas as lojas. Cada pacote era referente a um caixa e ao fim do dia, Sr. João fazia a conferência dos valores. Naquele dia, foi a vez de Neto, então com 17 anos, assumir esta obrigação.
Logo depois desta experiência, Neto assumiu o compromisso de trabalhar com João Melo, permanentemente. “Tinha mais gratidão pelo que meu tio tinha feito pela minha mãe e minha família, do que vontade de trabalhar”, conta o empresário.
Iniciou como empacotador pós-caixa, posição que é bastante valorizada na empresa até os dias atuais, pois “é uma posição que coloca o funcionário em contato direto com o público” e permite que valorizem o cliente. Em cerca de um ano, passou por todas as áreas dentro da empresa, até ser convidado para tirar as férias do gerente da loja da Parquelândia. Era uma das três unidades do grupo, que tinham em média 300 m² cada.
O jovem carioca, que era mais adepto à diversão do que ao trabalho, costumava ir para a gerência da Parquelândia carregando um skate e aproveitava alguns momentos do dia para se divertir. Nesta época, Neto tinha dois prazeres: o cigarro e chocolates Neugebauer. Como gerente da loja, tomou a liberdade de fazer uma grande compra de chocolates da marca. Resultado: levou uma grande bronca pela ousadia.
Mas, da “bronca” veio o desafio de buscar alternativas para vender os chocolates e não gerar prejuízo para a loja, sob sua gerência. O jovem Neto pensou em soluções simples como uma boa exposição do produto, próximo aos caixas, estratégias que são comuns aos planos de marketing de hoje. Conseguiu vender todo o estoque em menos dias do que o planejado. “Com o resultado positivo, me senti muito bem. Encarei o desafio e me senti produtivo”, conta Neto. O momento desafiador despertou no jovem empresário o espírito empreendedor.
Em 1986, João Melo sofreu um infarto e seu afastamento, por cerca de 90 dias para cuidar da saúde, aproximou Severino Neto da gerência do grupo, sob orientação do tio. “Esta foi uma parte dolorosa do aprendizado, mas que também me ajudou muito a chegar onde estou”, afirma o empresário.
Na mesma época a empresa se consolidava no mercado com crescimento significativo. 1989 é um marco para o grupo, que após comprar três lojas do grupo Bompreço, sai do status de “mercadinho”, para ser referência de supermercado.
O final da década de 90 foi um período de crise para todo o segmento. Em 2000, o grupo dos Mercadinhos São Luiz contava com 16 lojas e decidiu vender 9 delas para o grupo Pão de Açúcar: 8 em funcionamento e uma que estava em construção.
Com o declínio do grupo, Severino Neto passou a repensar a empresa, com base nos valores de João Melo. “A missão dele é nossa missão até hoje: atender de forma única, compartilhando orgulho e felicidade”, afirma.
Foi um período conturbado, mas desafiador na Severino Neto. E mais uma vez, assumiu a responsabilidade do desafio e aos poucos foi retomando o crescimento da empresa, criando um modelo único de negócio, sempre em sintonia com o tio João, com quem se aconselhou até os últimos dias. João Melo faleceu em 2008.
Severino Ramalho Neto orgulha-se de ter implantado um modelo único de negócio, que resgata um pouco da essência do início da empresa, transformando no supermercado da vizinhança. “O tempo todo nós estamos buscando conhecer o nosso cliente para poder atendê-lo. Isso era o que o João Melo fazia. Isso é o que nós fazemos hoje”, pontua. Atualmente, os Mercadinhos São Luiz geram cerca de 2.100 empregos, atuando em Fortaleza com 21 lojas, com R$ 611 milhões de faturamento, em 2018.
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