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Tese: Ciro prefere RC para limitar poder de Camilo

O mercado político se mantém agitado e atônito diante da dificuldade do PDT em encontrar uma solução que mantenha a amplitude da aliança que vem garantindo seguidas vitórias nas disputas estaduais, além de uma maioria sólida na Assembleia Legislativa.

No momento, a coisa toda está configurada da seguinte forma: a governadora Izolda Cela revela-se como o caminho mais fácil, mais seguro e mais barato para manter a ampla aliança e, consequentemente, a vitória.

Com o ex-prefeito Roberto Cláudio, indiscutivemente um nome de qualidade administrativa e um quadro político de alto nível, o PDT corre o risco de perder pelo menos cinco aliados na disputa. A saber: PT, PCdoB, PV (esses três em federação partidária)e mais o MDB e o PP. Uma circunstância que tornaria o procsso político-eleitoral bem mais complexo.

As circunstâncias políticas relacionadas à Izolda ainda tem outro componente de valor para as siglas parceiros e para o própio PDT: sua possível vitória a limita a um só mandato. Afinal, trata-se de uma reeleição. Portanto, tende a ser um mandato de 4 anos ou mesmo de três anos e três meses caso se desincompatibilize em abril de 2026, fazendo assim com que a fila de pretendentes ande rápida.

Então, qual o busilis da disputa interna que atinge perigosamente o grupo hegemônico?

A questão é a seguinte: há uma trinca no grupo que pode levar a uma rachadura e, possivelmente, a uma implosão da aliança e, no limite das possibilidades, a uma derrota eleitoral.

“Izolda Cela é sim uma parceira de primeira hora do comando do PDT. É de Sobral. É de casa. Porém, sua relação com Camilo Santana se tornou também muito forte”, explica uma muito bem informada fonte.

Mas, e daí?

Pois é. Vejam o potencial quadro futuro: Camilo eleito senador, Izolda eleita governadora, Lula presidente, Cid Gomes com apenas mais quatro anos de mandato de senador e em vias de aposentadoria eleitoral, Ciro Gomes derrotado no âmbito nacional. Considere-se ainda que, se Lula eleito, Camilo teria forte influência junto ao Governo Federal e, dessa forma, força para garantir o fluxo de recursos federais para o Ceará.

Diante de hipóteses tão possíveis de se concretizarem, a conclusão é a seguinte: a eleição de Izolda levaria a uma liderança muito forte de Camilo Santana e, portanto, uma mudança importante na correlação de forças dentro do grupo político que está para completar dezesseis anos de poder initerrupto.

Compreendem?

Izolda é Ferreira Gomes, mas também é camilista, um grupo que começa a se fomar e que tende a ficar muito poderoso em uma eventual presidência de Lula.

E Roberto Cláudio? O ex-prefeito é visto como cirista de quatro costados e sua relação com o petismo, desde que derrotou o grupo de Luizianne Lins em Fortaleza, em 2012, é repleta de desconfianças mútuas. Some-se a isso os constantes petardos disparados por Ciro contra o PT. Claro que o incômodo do PT em relação a Ciro estende-se também a RC, o seu preferido para o Governo do Ceará.

Moral da história: tudo passa pelo controle da máquina estadual.

Ciro certamente já visualizava isso quando, em 2020, optou autocraticamente pela candidatura de José Sarto em Fortaleza. O prefeito, veterano da política e sem maiores pretensões para o futuro, foi a saída segura para Ciro.

Mas, é preciso ressaltar que, no seio familiar dos FGs, há divergências. Não foi à toa a entusiasmada deferência de Ivo Gomes dirigida à sua amiga Izolda. Foi Ivo quem, em 2014, já havia sugerido o nome de Izolda para a candidatura ao Governo. Entretanto, com mo objetivo de assegurar a aliança com o PT, a opção naquela disputa foi por Camilo.

Há muitas nuances envolvidas. Chama a atenção, por exemplo, uma recente declaração de Ciro ao UOL falando de Izolda Cela: “Apresentamos quatro candidatos, todos em condições [de seguirem o projeto]. Mas vou bancar o coronel e escolher uma amiga de infância que é a Izolda Cela? Como eu explicaria isso? Não vou fazer isso! A Izolda é de Sobral, é filha da dona Maria Helena, que foi minha primeira professora”.

O dado acima serve para explicar que uma possível escolha de Izolda jamais poderia ser tratada como uma derrota de Ciro ou coisa que o valha. Como já disse a fonte citada acima, Izolda é de casa.

Mas, claramente Ciro quer RC candidato. Talvez como a forma de limitar a ascenção de Camilo. Esta é, até aqui, a explicação mais razoável para explicar o imbróglio.

Por essas e por outras é que o nome de Cid Gomes continua sendo pronunciado à boca miúda e à boca grande. Para muitos, seria o senador, com suas características conciliadoras, a saída para contornar o problema.

Ahh… mas Cid está decidido a finalizar sua carreira de mandatos. Ora, isso não é um grande problema: se entrar na disputa de governador mantendo a amplitudade da aliança, nada impede que o senador passe apenas quanto anos como governador e conduza a sua própria sucessão em 2026.

Ou seja, Cid trocaria quatro anos de senador sem orçamento por quatro anos de governador com orçamento. Como se sabe, a caneta é quem manda e é rejuvenesdora.

Compreendam: não se trata de questões de relacionamento pessoal. Quanto a isso, até um dia desses, era tudo uma maravilha.

Trata-se de poder.

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