Pesquisar
Pesquisar
Close this search box.

Religião e Economia. Por Igor Lucena

Articulista do Focus, Igor Macedo de Lucena é economista e empresário. Professor do curso de Ciências Econômicas da UniFanor Wyden; Fellow Associate of the Chatham House – the Royal Institute of International Affairs  e Membre Associé du IFRI – Institut Français des Relations Internationales.

As religiões sempre exerceram um papel fundamental para o desenvolvimento das economias ao longo da história e, muitas vezes, por vivermos em um país majoritariamente cristão ou católico, não entendemos como múltiplos aspectos das diversas sociedades e do seu estilo de produção de bens e serviços são derivados ou influenciados pelos textos sagrados, sejam eles a Bíblia, o Alcorão, a Torá, os Sutras ou os Vedas, entre outros.

Da China até a Índia, e do Reino Unido até os Estados Unidos, a influência religiosa sobre a construção das sociedades é mais nítida, principalmente nos templos, nos locais de adoração, nos feriados e na cultura. Entretanto, não é tão visível quando falamos de como a sociedade se organiza para produzir, como são as relações entre patrões e empregados, como as empresas são organizadas, como o estilo de trabalho é determinado, como é a visão sobre o lucro, sobre o juro e sobre a vida dos agentes econômicos, enfim!

Todos esses aspectos, que muitas vezes são bem distintos entre as nações, têm em sua origem alguns fatores que são nitidamente religiosos, e que muitas das vezes estão descritos nos textos sagrados dessas religiões. A religião é capaz de mudar o ponto de vistas das pessoas, e essa mudança claramente altera ideias, pensamentos e principalmente conceitos e preconceitos. 

Tais mudanças, em geral, alteram as características fundamentais das sociedades e como ela se organiza em classes sociais, em estilos de vida, em segregação social, em preservação ambiental e em outros aspectos do dia a dia. A partir desse conceito, a mudança na sociedade influi, e com razão, no funcionamento econômico e no pensamento da organização de produção, o que influencia obviamente no conjunto de leis, regras e na existência ou não do que chamamos de Estado de Direito.

Se esses aspectos afetam a economia, então é obvio que estamos falando das religiões afetando a vida das pessoas e, principalmente, as relações de governo, a maneira de como uma democracia, um regime totalitário ou uma democracia iliberal é governada e como aspectos religiosos muitas vezes embasam a defesa desses regimes dentro de diversas nações. Então podemos concluir que, de fato, as religiões ocupam um lugar em que influenciam com razão as relações de poder entre governantes e governados e principalmente as relações de poder entre as pessoas. 

Neste contexto, conecta-se o ciclo Religiões-Ideias-Sociedade-Economia-Vida-Poder-Religiões. Esse é um aspecto que ainda é pouco explorado pela ciência econômica, que, de fato, por ser uma ciência jovem, possuindo pouco mais de 300 anos, ainda apresenta diversas lacunas a fechar; contudo, neste texto abro um espaço para meus amigos economistas, de um grupo em que me incluo, para estudar esses aspectos e apresentar para a sociedade o impacto que as diversas religiões causam nas nações e em suas economias, o que, de fato, deverá fazer surgir um novo campo de estudo econômico, incluindo a psicologia, a cultura e a história, influenciando e mantendo constantes os estudos sobre geopolítica e geoeconomia.

 

Mais notícias