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Planos de educação pública remota de estados e municípios foram mal desenhados e com pouca preocupação às aulas, diz estudo

Estudo com os Estados. Foto: Reprodução

Átila Varela
atila@focus.jor.br

Um estudo conduzido pelo Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e o Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) avaliou o nível de eficiência dos planos de educação pública remota de Estados e municípios. O resultado não é dos melhores.

“Enquanto alguns governos adotaram planos de maneira conjunta ao fechamento das escolas, outros levaram meses para apresentar algum programa. Além disso, em algumas regiões os alunos não receberam qualquer tipo de plano de ensino remoto por parte do poder público”, destaca um trecho do relatório. Para o estudo, foram analisados planos de 26 das 27 unidades federativas e por 21 das 26 capitais.

Os pesquisadores detalham que os programas foram mal desenhados. “A maioria dos programas foi introduzida com pouca ou nenhuma preocupação com o acesso às aulas e com a supervisão dos alunos. Por exemplo, a maioria dos planos falhou em oferecer estratégias de interação com professores, supervisão e estímulo à presença. Este é um elemento crucial para políticas de ensino remoto, por permitir interações que considerem as necessidades e dificuldades específicas de cada aluno, sobretudo em um contexto de elevadas taxas de abandono escolar”, pontua.

Mesmo assim, ainda há um abismo na educação remota capaz de ampliar as desigualdades sociais. “Os resultados apresentados evidenciam que a qualidade dos planos adotados está correlacionada com condições econômicas e educacionais. Estados mais ricos e que apresentavam melhores resultados no IDEB foram, em média, os que apresentaram os melhores planos”, explica.

Ranking com as capitais. Foto: Reprodução

Ranking dos estados e capitais

A média do Índice EaD para os Estados apresentou nota 2,38 – que varia de 0 a 10. Segundo o relatório, Paraíba, Minas Gerais e Distrito Federal adotaram planos com maior cobertura e menor demora. No entanto, não atingiram nota 10. No caso do Ceará, a nota ficou próxima a 1.

Quando o índice apura o resultado das capitais, Brasília, Salvador e Macapá saem na frente. Belo Horizonte, Fortaleza, Natal, Rio Branco e São Luís apresentaram notas próximas a zero.

“As secretarias de educação demoraram para apresentar planos e, quando finalmente os decretaram, os programas não atingiram o investimento e qualidade necessários. A área que apresentou maior deficiência foi a preocupação dos governos em fornecer meios de acesso às aulas remotas. Essa característica ressalta a limitação dos esforços direcionados ao atendimento das necessidades dos alunos mais vulneráveis”, destaca um trecho do relatório.

“Nos primeiros meses, esses aspectos estiveram provavelmente associados às expectativas dos governos do retorno rápido às aulas presenciais. No entanto, como o número de vítimas da pandemia permaneceu persistentemente alto, os governos demoraram a decretar políticas para aumentar o acesso à Internet. Além disso, os programas negligenciaram o fornecimento de orientação detalhada acerca da supervisão dos alunos. Como resultado, muitos estudantes foram deixados à deriva para acompanhar o material disponibilizado”, finaliza o estudo.

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