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A força do Big Data no mundo atual, por Maurício Garcia

Maurício Garcia é sociólogo graduado pela FFLCH-USP, tem pós-graduação pela Fundação Escola de Sociologia de São Paulo (onde já lecionou) e pela ECA-USP (em marketing). Trabalhou mais de 20 anos no IBOPE, maior instituto de pesquisa da América Latina e como pesquisador é associado à Wapor (World Association for Public Opinion), tendo participado de diversos congressos da entidade pelo mundo. Também como pesquisador, foi vencedor do Prêmio Alfredo Carmo, oferecido pela ABEP (Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa), como melhor trabalho no 7º congresso da entidade com o estudo “A eleição para deputados em 2014 – Uma nova Câmara, um novo país”. Garcia é o mais novo articulista Focus.

A análise de grandes volumes de dados podem nos mostrar informações interessantíssimas. Já dizia Sir Arthur Conan Doyle, o criador do personagem Sherlock Holmes, que “enquanto o indivíduo sozinho é um quebra-cabeças insolúvel, agregado, ele se torna uma certeza matemática. Nunca se pode prever o que um homem sozinho fará, mas é possível dizer com precisão o que, na média, muitos deles farão”. Por isso da minha fascinação pelas pesquisas.
No mundo de hoje não há como negar a força e a mudança de comportamento das pessoas em relação aos motoristas de aplicativos, os “ubers”. Aliás, a coisa mais antiquada que se pode ouvir hoje em dia é que se vai pedir um táxi. Os “ubers” dominaram tudo.
Um recente estudo chefiado pelo economista John A. List, da Universidade de Chicago, em parceria com Uri Gneezy, professor da Universidade da California analisou cerca de 40 milhões de viagens realizadas por meio do aplicativo, na modalidade UberX, entre 18 de agosto e 14 de setembro de 2017, em seis cidades dos EUA: Chicago, Boston, San Francisco, Salt Lake City, Asheville e a pequena Bloomington (no estado de Indiana).
Muita coisa foi descoberta em relação ao comportamento dos motoristas e principalmente dos usuários desse “novo” meio de transporte. O mais curioso deles é que a doação ou não de gorjeta aos motoristas de aplicativos depende de fatores demográficos, como gênero, idade e cor da pele do motorista.
O levantamento mostra que 2 em cada 3 clientes da Uber nos EUA nunca dão caixinhas aos motoristas (apenas 1% dos passageiros da Uber, sempre dão gorjetas aos motoristas), e quando dão, a gorjeta é, em média, de US$ 3,11. Além disso, passageiros do sexo masculino costumam pagar mais gorjetas a motoristas mulheres do que em relação aos motoristas homens, além disso, quanto mais jovem a motorista, maior a gorjeta também.
A pesquisa levanta outras conclusões interessantes:

  • passageiros com avaliação de 5 estrelas pagam gorjetas em frequência 2 vezes maior que aqueles com avaliação de 4,75 estrelas, e o valor dessas gratificações é 14% maior;
  • usuários que acabam pegando corridas com o mesmo motorista pagam 27% mais, em média, na segunda viagem;
  • as gorjetas tendem a ser maiores na faixa de horário entre 3h e 5h da madrugada, e também às sextas e aos sábados após às 18h;
  • os homens pagam gorjetas em 17% das viagens, contra 14,3% entre as clientes mulheres;
  • pessoas mais velhas têm chances muito maiores de dar gorjetas do que os mais jovens (63% versus 40%, em média);
  • mais de 43% dos americanos adultos já usaram aplicativos como Uber ao menos uma vez;
  • mulheres recebem entre 10% e 12% mais gorjetas que homens, independentemente do gênero do passageiro. Mas essa diferença diminui conforme avança a idade da/do motorista, até praticamente desaparecer no caso de condutores com mais de 65 anos.

Esse estudo é a prova do quanto a análise de grandes bancos de dados pode não só orientar o mercado a se preparar melhor para atender seus clientes de uma forma mais proativa, mas também como o poder público pode melhorar atendimentos básicos dos cidadãos da nossa cidade.

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