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O silêncio dos ambientalistas, por Rodrigo Marinho

Rodrigo Marinho é Advogado, professor de Direito, mestre em Direito Constitucional pela UNIFOR. É coordenador da bancada do Novo na Câmara dos Deputados.

Se o meio ambiente for destruído, se tartarugas marinhas e centenas de milhares de peixes morrerem e grande parte da vida marítima for destruída, torça para que isso tenha relação com o presidente Jair Bolsonaro ou algo ligado a sua gestão, pois só assim a ONU, os líderes mundiais e a “elite” se reunirão para criticar o governo.
Caso não tenha relação, você não verá ambientalistas se manifestando, artistas dando entrevistas, “Gretas” na ONU e todos aqueles com um discurso inflamado criticarem o desastre ambiental.
Leon Trotsky escreveu um livro muito interessante chamado “A Moral Deles e a Nossa”. Nesse livro, ele destaca que alguns freios morais devem ser quebrados se for para favorecer a causa dos socialistas, e que por isso os socialistas não devem se preocupar com a visão de mundo e com os princípios burgueses. Você, meu caro leitor, deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o tema.
Ora, a questão ambiental há muito tempo deixou de ser uma questão científica e passou a ser uma questão ideológica. Nessa questão, se isso envolver valores de mais intervenção do estado, mais controle e menos liberdade, terá apoio da turma que criticou, corretamente, as queimadas na Amazônia.
Mas, se, por acaso, o petróleo que contamina todas as praias do Nordeste estiver vindo de um país cujo regime é apoiado pelos mesmos críticos das queimadas, não haverá o mesmo engajamento por parte dessa turma.
Tal situação parece trazer o que George Orwell chamou de novilíngua no excelente livro “1984”, quando o sentido da palavra era modificada para beneficiar aqueles que queriam mais controle, a tal ponto de afirmarem que “guerra é paz, liberdade é escravidão e ignorância é força”.
Trotsky e Orwell conseguem demonstrar como quem defende o controle vai adaptar sua narrativa para que se encaixe à defesa das suas ideias. Reparem que as queimadas na Amazônia tiveram toda a cobertura e indignação dos “ambientalistas”, já o petróleo vindo da Venezuela, que destruiu grande parte da vida marinha do Nordeste, silêncio, silêncio absoluto.
Eu sei, meus caros, que cobrar coerência dessa turma é algo quase impossível, e o pior, há base teórica para isso, Trotsky que o diga. Mas é triste e bem feio alguém que se diz ambientalista não se indignar com o que ocorre nas lindas praias do Ceará, de Pernambuco, da Bahia, não se indignar da mesma forma que se indignou com as queimadas da Amazônia e não torcer para que os culpados desse absurdo sejam presos.
Da minha parte, defendo que crimes sejam investigados e que os responsáveis sejam punidos o mais rápido possível para que esse tipo de situação não volte a ocorrer nem na Amazônia e, muito menos, no meu amado Nordeste.

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