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O motim e o caos a ser evitado a todo custo

É hora de mostrar a cara e encarar a lei.

Ponto de vista Focus
focus@focus.jor.br

Dezenas de jovens policiais foram levados para uma armadilha por lideranças que entraram na política partidária e, por conseguinte, passaram a se movimentar com o olho em votos e mandatos com gordos salários e outras franquias já bem conhecidas. Esse punhado de jovens, geralmente com baixíssima vocação para a dura e abnegada profissão de Policial Militar, tornou-se massa de manobra.

Em troca da adesão a uma aventura irresponsável, prometeram a esses rapazes a vitória, salários mais altos (um PM novato ganha mais que o salário inicial de muitas categorias profissionais de nível superior), anistia e outros pontos além dos que já haviam sido acordados com o Governo por outras lideranças que, com o desencadeamento do motim, mostraram não exercer a liderança.

Felizmente, apenas uma fração da valorosa PM do Ceará se amotinou nos quartéis. Outro tanto, pressionada e ameaçada pelos amotinados, preferiram se recolher em suas casas. No entanto, os melhores continuaram trabalhando. São os vocacionados que honram suas fardas, recusam-se a se encapuzar, permanecem na defesa dos cidadãos e respeitam a hierarquia e a disciplina bases da força militar.

O jovem que ingressa na corporação militar, mesmo com pouco tempo de treinamento, sabe perfeitamente que a sua inafastável missão é garantir a segurança do povo e a ordem pública. Más lideranças os levam para o caminho oposto. Um caminho similar ao adotado pelas milícias.

É sempre importante lembrar: as bases legais de todos os países do mundo proíbem as sindicalizações de forças armadas e, obviamente, os movimentos grevistas. O sindicato ou uma associação de militares é como uma hierarquia paralela. O Policial Militar só tem três senhores a servir: ao cidadão, à lei e à ordem vigente.

Evidentemente que é necessário uma salário justo para tal. E é imenso o esforço do nosso povo para pagar salários mais adequados para os policiais militares, que aqui estão longe de ser os mais baixos do Brasil. Tanto que o Ceará já investe na área de segurança pública mais do que na de áreas de saúde e educação. Uma lamentável inversão imposta pelas circunstâncias.

Do ponto de vista do país e da democracia, o que está em jogo é uma equação simples de entender. Se o Governo do Ceará ceder, vai virar eterno refém de lideranças militares, reformadas ou não, sempre de olho em mandatos eletivos. A ordem unida de endurecer é para o bem da democracia, do estado de direito e do Brasil. Uma vitória dos amotinados no Ceará causaria efeito dominó no País. O caos a ser evitado a todo custo. E já custa muitíssimo. Estão aí mais de duas centenass de mortos para comprovar.

Um aviso aos políticos de plantão em busca de uma brecha de oportunidade: o caso Cid Gomes é infinitamente menos importante se comparado ao motim de servidores armados, encapuzados e agindo feito milícia para que o Estado e a sociedade se tornem dóceis reféns. A indignação do senador, que se transformou em um ato desaconselhável e muito arriscado, teve como única vítima o próprio Cid. Levou dois balaços que, provavelmente, só não foram fatais por causa de um grosso para brisa de retroescavadeira.

Não tenham dúvidas: quem mais sofre com os acontecimentos são os mais pobres. A percepção geral é que a maioria avassaladora já percebeu com muita clareza o lado certo desse imbróglio.

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