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Militares estariam ensaiando a volta aos quartéis?

Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

Como os últimos acontecimentos estavam a sugerir, não se tratava apenas de uma reforma ministerial. Uma reportagem do Estadão, assinada pela jornalista Eliane Catanhêde, começou a expor as motivações que levaram à saída do ministro da Defesa. O problema é a mistura entre poder civil e poder militar, sendo que este último deve sempre estar submetido ao primeiro, como manda a Constituição.

Basicamente, o texto da jornalista afirma que, “o presidente Jair Bolsonaro pediu o cargo do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo Silva, seu amigo de décadas, porque ele se recusava a garantir um alinhamento automático e a manifestar apoio das Forças Armadas a posições do presidente que caracterizariam o envolvimento direto dos militares com a política”. 

Segundo a colunista, “a crise agravou-se com os sucessivos vexames do general da ativa Eduardo Pazzuelo na Saúde e se deteriorou de vez quando Bolsonaro disse que o “meu Exército” não iria para as ruas “obrigar o povo a ficar em casa”.

E continua: “Além de Azevedo e Silva, também podem entregar os cargos os comandantes do Exército, general Edson Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, e da Aeronáutica, brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez. Enquanto o ministro apresentava uma nota à imprensa anunciando sua saída do cargo, os três comandantes se reuniram para tomar uma posição conjunta”.

Se a informação de Catanhede está correta, é sinal de que o comando militar entendeu que não pretende embarcar nas conhecidas e jamais escondidas taras autoritárias do capitão.

Já estava escrito nas estrelas dos generais do Exército que a relação entre os militares e o Palácio do Planalto tenderia a se tornar abusiva e promíscua. Por óbvio, a aposta do presidente ao rechear o poder de fardados de altas patentes foi uma só: em caso de crise, os militares empunhariam as armas e dariam o golpe para manter o capitão no poder.

Esses planos perfeitos costumam dar em grande erros. E os problemas começaram a acontecer quando o desgaste de um governo de pouca envergadura administrativa, politicamente frágil e negacionista em meio a uma pandemia que clama ciência, começou a desgastar os próprios militares.

Outro texto, este assinado pela jornalista Thaís Oyama (leia aqui), passou a especular acerca da possível saída de outro estrelado: O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, entregou o cargo sem explicações na tarde de hoje depois de uma discordância fundamental com o presidente Jair Bolsonaro, afirmou uma fonte do Palácio do Planalto.

Mais: “A mesma fonte informou que o presidente cogita substituir também o comandante do Exército, o general Edson Pujol. Azevedo e Silva era tido como um general da “ala moderada” do governo. Pujol, o número um do Exército, é tido como o representante maior da ala legalista, e majoritária, dos generais — a ala que, entre Bolsonaro e a Constituição, fica com a segunda opção”.

O vento parece estar levando o fogo no parquinho para a Esplanada dos Ministérios. Ali, nas proximidades do Palácio do Planalto. No mínimo, Bolsonaro sai muito chamuscado.

Leia aqui o texto de Eliane Catanhêde.  

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