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Mergulhado na ciência política, Roberto Cláudio faz seu detox

Camilo Santana e Roberto Cláudio: os dois vão continuar pegando o mesmo metrô, mas não necessariamente descerão no mesmo destino. Foto: Facebook.

Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

Como a saída do Dr. Cabeto da Secretaria de Saúde não foi uma surpresa para Camilo Santana, o governador está há dias garimpando um substituto. Sondagens e sondagens. Nada fora do usual. Não, o ex-prefeito Roberto Claúdio não se reuniu e nem foi convidado para assumir o cargo. Muito embora possua todas as credenciais para a função.

“Avalio que o governador seguirá na Saúde o mesmo procedimento que vem fazendo desde o início do Governo: critério técnico e não político. O mesmo que tem feito na Segurança e na Educação, que configuram as três áreas mais sensíveis”, disse ao Focus uma fonte muito próxima de Camilo.

Porém, a especulação em torno de RC não é desprovida de sentido. O ex-prefeito é médico sanitarista além de, por oito anos, ter sido o gestor da Capital. Portanto, atende aos critérios técnicos. Do ponto de vista político, é aliado de primeira hora do governador. Aparentemente, conveniências que só o credenciam para funções de relevo no âmbito estadual.

Porém, no que diz respeito às trajetórias políticas, a pasta da Saúde é e sempre será campo minado. Pode-se atavessar incólume e vitorioso. Pode-se também chegar mancando no outro lado. Mais ainda diante das imensas incertezas sanitárias de hoje.

Outra questão: no ano passado, ao final do mandato em Fortaleza, Camilo já quis ter o ex-prefeito ao seu lado, trabalhando no Governo. Como não poderia deixar de ser, RC tratou da ideia com carinho. Porém, avaliou que os oitos anos seguidos de Prefeitura impunham um, digamos, detox pessoal.

Não se sabe ao certo quem falou primeiro, mas tanto Ulisses Guimarães quanto o diplomata norte-americano, Henry Kinssinger, dois craques da leitura política, costumavam dizer que “o poder é afrodisíaco”. Sim, é! Porém, cobra um preço pessoal altíssimo.

O caminho aconselhável após dois mandatos executivos costuma ser uma boa temporada distante. Como diria um bom amigo, é preciso reaprender a fazer compras no supermercado. Com seu humor refinado, FHC brincava dizendo que teve de reaprender a colocar a mão na maçaneta das portas após seus oito anos no Palácio do Planalto.

A propósito, Roberto Claúdio ainda vive sua temporada em São Paulo. Sua última estadia em Fortaleza foi há quase um mês para comemorar o aniversário do pai. Na FGV paulista, anda tendo longas aulas com o economista Bresser Pereira, um ex-tucano à esquerda de FHC que mantém intacta sua visão acerca do papel abrangente do Estado. Atentem: RC mergulhou na ciência política e não na ciência médica.

Entre o fim de agosto e o início de setembro, o ex-prefeito e a família deixarão o exílio voluntário e retornam a Fortaleza.

 

 

 

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