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Mediado por Camilo, o aperto de mãos Lula-Ciro projeta o governador para as presidenciais de 2022

Quem vai à Roma vai ao Papa. Visitas como essa, “aliança” com Padre Cícero, articulação para entrevistas em veículos nacionais e movimentos para a unificar a esquerda são típicos de quem está pensando muito além dos limites da Terra da Luz.

Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

A arte de viabilizar o improvável, sempre com muita paciência e discrição, caracteriza um político habilidoso. O surpreendente reencontro de Ciro Gomes (PDT) com Lula da Silva (PT), ocorrido em algum dia do mês de setembro, é fruto do silencioso e persistente trabalho de Camilo Santana (PT).

É óbvio que, do ponto de vista tático, o governador tinha em vista também as eleições de Fortaleza. Camilo iniciou rodadas de conversas com o ex-presidente Lula em busca de um objetivo imediato: fazer o PT desistir de lançar candidatura própria em Fortaleza e levar a sigla para a aliança com o PDT na Capital.

É evidente que a radicalidade com que Ciro e Cid Gomes vinham tratando o PT (não sem razões para tal) era obstáculo tão difícil de ultrapassar quanto a determinação de Luizianne Lins (PT) em ser a candidata à Prefeitura de Fortaleza. Camilo conseguiu fazer Lula e Ciro apertarem as mãos, mas Lula não fez nenhum movimento para dificultar a candidatura da deputada. E nem poderia diante da intensa fidelidade da deputada ao líder petista.

Porém, o objetivo fundamental para mover Camilo vai muito além da disputa pela Prefeitura de Fortaleza. O sonho acalentado pelo governador do Ceará tem a gigantesca dimensão do Brasil. O petista trabalha para a unir a esquerda em 2022. Trabalha para ter um nome único da esquerda na disputa polarizada contra Jair Bolsonaro. E adivinhem quem é o nome talhado para essa tarefa?

Sim, senhores, o próprio Camilo visualiza essa possibilidade. E, creiam, não age sozinho. Um graduado petista com boa circulação no eixo São Paulo-Brasília contou ao Focus que Ciro Gomes em pessoa deu o aval para o desenvolto caminhar do governador. Que não piscou e seguiu adiante.

Atentem para a participação do marqueteiro João Santana no Roda Viva na semana passada. Em sua primeira entrevista após a condenação pela Lava Jato, o estrategista das eleições de Lula e Dilma fez a pregação: “A esquerda não vence a eleição se não se unir”. Pois é. Camilo vai nessa linha.

A aposta de Camilo tem sentido. Com folga, é ele o mais popular governador da esquerda. No Ceará, a aliança de centro-esquerda já é fato que chega aos 15 anos. Conciliador por natureza, sem arestas a aparar, o estilo de Camilo facilita a atração de aliados de diversos matizes e gostos.

Além de tudo, Lula não deve ter condições de jogo em 2022. Suas condenações são como cartões vermelhos em série. Mas, isso é suficiente para Lula e o PT bancarem a candidatura do governador, abrindo mão de um nome como Fernando Haddad? E Ciro abriria mão da quarta candidatura presidencial a favor de Camilo? Bom, sendo em nome de um cearense, até que se trata de uma boa justificativa. Eis as questões e ainda há muitas outras. Obviamente, todas sem respostas fáceis ou claras.

Diante de tudo, é possível fazer o seguinte apanhado. Primeiro: não foi o aperto de mãos de setembro passado que fez com que Ciro deixasse as desconfianças de lado em relação a Lula. E vice-versa. Segundo: fiquem certos de que Camilo Santana tem o projeto presidencial em mente. Se for para 2022, melhor ainda.

 

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