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Lula compara Ciro ao "garoto nervoso e rebelde" do filme Central do Brasil

Imagem: Ricardo Stuckert/Instituto Lula.

Equipe Focus
focus@focus.jor.br
Lula parecia ansioso para falar de Ciro. Na entrevista concedida ao UOL, o ex-presidente, preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, não precisou ser perguntado acerca de Ciro Gomes, hoje um dos mais duros críticos do PT e do próprio Lula. O petista puxou o tema por conta própria ao responder outra pergunta: “Eu vou fazer um comentário sobre Ciro Gomes porque ontem ele fez mais uma grosseria. Gostaria de entender o que está se passando na cabeça do Ciro”. A partir dessa introdução, Lula desfiou seu rol de mágoas e reclamações quanto à postura do seu ex-ministro. Veja abaixo.
Uma das coisas que ele diz publicamente é que eu não deixei o PC do B se aliar a ele. Você acha que o jogador do São Paulo ia deixar o jogador do Corinthians marcar um gol, só para agradar o Corinthians? É que a analogia é mais fácil de o povo entender. O PT estava numa disputa, foi construir a sua aliança política e convenceu os outros partidos a vir junto. E o Ciro acha que o PT deveria ficar sentado e dizer “vai, todo mundo com Ciro, vai todo mundo com Ciro”? Mas que brincadeira que é essa? Ele que aprenda a entender que democracia é você conviver na diversidade, com as pessoas. Tem que conversar com os contrários. Toda vez que disputa uma eleição, procura um partido e entra. Não tem um perfil ideológico. De quantos partidos o Ciro já foi? Oito, nove, dez. Sei lá quantos. Ou seja, ele não gosta de compartilhar, de coletivizar as coisas. O PT não aceita isso.
Estou acompanhando o Ciro. Tem algumas pessoas que eu gosto de graça. Não precisam gostar de mim. Mário Covas, sempre gostei de graça. Nunca precisou gostar de mim. O Requião é um cara que gosto de graça. Eu gosto dele. O Ciro é um cara que gosto dele, mesmo sabendo de posições dele que não são recomendáveis com relação a mulher, com relação aos adversários, com relação ao PT.
-Eu gosto do Ciro. Acho que ele é uma figura que tem conhecimento intelectual para contribuir com qualquer governo. Agora, o que ele precisa entender é que as outras pessoas, que não são tão inteligentes como ele, têm a sua própria inteligência. E precisa aprender a conviver com isso.
Assisti a um filme chamado “Central do Brasil”. Eu vi a Fernanda Montenegro tentando ajudar aquele menino. E aquele menino era nervoso, rebelde. Não queria ajuda da Fernanda Montenegro, e eu lembrei do Ciro. A Fernanda Montenegro, que escrevia a carta com muito cuidado e com muito carinho, conseguiu convencer o menino, levou o menino até a família e depois foi embora. Eu gostaria que o Ciro permitisse que eu fosse a Fernanda Montenegro dele. Sabe, que eu pudesse contribuir com o compartilhamento da convivência dele com as outras forças políticas. Ele não pode continuar atacando todo mundo. Ele, por exemplo, disse ontem que estou aqui numa suíte. Ele poderia vir para meu lugar um pouco.
Quando Deus fez o ser humano, ele fez a cabeça feita para a gente pensar, para ter juízo no que a gente fala. Então não pode achar que pode ofender todo mundo. Se quiser ter futuro político neste país, terá que tratar pessoas de outro jeito. Ser mais cordato. Ser mais amável, ser mais carinhoso. Ele é uma pessoa do coração bom. Eu já vi o Ciro chorar algumas vezes.

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