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Juros caem com adiamento da PEC, IPCA-15 e possível dobradinha Haddad e Arida

Juros: Pixabay
Equipe Focus
focus@focus.jor.br
Os juros futuros fecharam a quinta-feira, 24, em queda firme. O mercado se aproveitou de uma conjunção de fatores para corrigir excessos de prêmios embutidos nos últimos dias. O adiamento da apresentação da PEC da Transição para a semana que vem foi bem recebido e o IPCA-15 de novembro veio praticamente na mediana das estimativas. Houve, ainda, alguma melhora na percepção sobre a possibilidade de Fernando Haddad no comando da Fazenda, abrindo oportunidade para um ajuste de queda nas taxas. Esse contexto deu espaço para o Tesouro ampliar a oferta de prefixados, mas com lotes ainda abaixo dos padrões.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 14,310% (regular) e 14,30% (estendida), de 14,588% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 13,94% para 13,64% (regular) e 13,65% (estendida). A do DI para janeiro de 2027 fechou a etapa regular e a estendida em 13,40%, de 13,77% no ajuste anterior.

Vale ressaltar que o recuo das taxas se deu num ambiente fraco de negócios em função da ausência dos mercados em Nova York – foi Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. À tarde, a liquidez ficou ainda mais comprometida com muitos players fora das mesas por causa da estreia da Seleção Brasileira no Mundial do Catar.

Sobre a PEC, ainda que permaneça o cenário de indefinição sobre o tamanho do “waiver” e por quanto tempo vai excepcionalizar as despesas do Bolsa Família do teto de gastos, o mercado viu com bons olhos o adiamento da apresentação para a semana que vem. O texto será entregue até terça-feira, 29.

O economista-chefe da Terra Investimentos, João Mauricio Rosal, explica que está crescendo a aposta na desidratação da PEC e, na leitura dos agentes, o adiamento significa menos tempo para negociação numa base que está desorganizada. “Assim, para que se construa um consenso, vão prevalecendo também as ideias de quem está do outro lado da ponta, que é o Congresso, que quer uma PEC menor e com prazo de exceção de apenas um ano”, disse. O governo eleito defende prazo de quatro anos e, segundo fontes, há uma negociação em curso no Senado para um meio-termo de dois anos.

A postergação da PEC também é associada ao fato de que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está em recuperação pós-cirúrgica, e deve ir a Brasília somente na próxima semana para assumir a interlocução junto aos parlamentares.

Aos poucos, o mercado também vai digerindo a ideia de que o nome para o Ministério da Fazenda será Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo. Nas mínimas da sessão, as taxas passaram a cair mais de 40 pontos-base na ponta longa no fim da manhã, após o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) informar que, nos bastidores, ele sinaliza disposição em trabalhar com o economista Pérsio Arida, o que traz alívio ao mercado sobre posturas mais heterodoxas.

Na agenda econômica, o IPCA-15 de novembro ficou em 0,53%, praticamente colado à mediana das estimativas (0,54%) apuradas pelo Projeções Broadcast. Como esperado, acelerou ante os 0,16% de outubro, mas perdeu fôlego ante o IPCA fechado do mês passado (0,59%).

Em termos de Selic, o IPCA não altera o quadro das apostas, que nas últimas semanas piorou muito em função dos riscos fiscais. “O fiscal é que será determinante. A Selic não reagirá tanto ao IPCA, mas ao fiscal, que está em aberto”, afirmou a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.

Na esteira da melhora da disposição do mercado para o risco, o Tesouro ampliou a oferta de prefixados ante a semana passada, que havia sido muito baixa. Ofertou 1,5 milhão de LTN, ante 450 mil no último leilão, e vendeu 1.187.500. O lote de NTN-F subiu de 100 mil para 300 mil, com 150 mil efetivamente vendidas no vencimento 1º/1/2029. Não foram aceitas propostas no lote de 150 mil para 1º/1/2033.

Agência Estado

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