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Hora da família: um alerta ao povo cristão do Brasil, por Pedro Sisnando

Pedro Sisnando Leite é economista com pós-graduação em desenvolvimento econômico e planejamento regional em Israel. Membro do Instituto do Ceará  e da Academia de Ciências Sociais do Ceará. É professor titular (aposentado) do programa de mestrado (CAEN) da UFC, onde foi também Pró-Reitor de Planejamento. No Banco do Nordeste, ocupou o cargo de economista e Chefe da Divisão de Estudos Agrícolas do Escritório Técnico de Estudos Econômicos. No período de 1995-2002, exerceu a função de Secretário de Estado de Desenvolvimento Rural do Ceará. Publicou cerca de 40 livros em sua área de especialização e escreveu muitos artigos para jornais e revistas.

A família deveria ser uma escola onde se deve aprender a grande arte de amar, de respeitar e aprender sobre os relacionamentos pessoais e sociais. Toda a escola deveria ser uma família, onde os laços de fraternidade se formam e onde se adquirem os princípios da cidadania.
A defesa da família no mundo atual é uma missão de todos os cristãos. Como é fácil perceber, a família está no centro dos problemas econômicos, sociais e espirituais que estamos vivenciando na atualidade brasileira. “Uma nação verdadeiramente soberana e espiritualmente forte é sempre composta por famílias fortes, cientes da sua vocação e da sua missão na história”. ( João Paulo II ,1994).
Ao mesmo tempo, a família é o ambiente humano onde cada um de nós poderá atuar para melhorá-la. De fato, estamos vivendo uma era de desagregação moral, de corrupção e violência diante da qual precisamos ajudar nossos familiares e às comunidades onde vivemos dessa onda negativista. Por isso mesmo, convido todos a fazerem uma reflexão conosco sobre o papel e a dignidade da família.
Neste horizonte, são preocupantes os sinais de desagregação de alguns valores fundamentais que orientam a organização da unidade familiar nos dias de hoje. Propaga-se a concepção doutrinária e prática da independência dos cônjuges entre si, e uma ambiguidade a cerca das relações de autoridade entre os pais e os filhos, que está corroendo o núcleo familiar. Vivemos num mundo com grande pressão dos meios de comunicação social, que negam o inestimável valor da indissolubilidade e fidelidade matrimonial, como um dos valores mais preciosos dos casais cristãos.
Infelizmente, muitos fiéis nem sempre hão sabido se manter imunes desses valores contrários à construção de um autêntico humanismo familiar. A Bíblia oferece a base para uma correta compreensão sobre o papel da família em nossas vidas. O livro do Gênesis, por exemplo, afirma que: “o homem deixará o pai e a mãe para si unir à sua mulher, e os dois serão uma só carne” (Gn.2,24). O Filho de Deus fez-se homem e escolheu uma família: Maria e José. Ou seja, a família foi sempre considerada na história da humanidade como a primeira e fundamental expressão da natureza social do homem (Familiaris consortio, João Paulo II). A família é também uma comunidade de pessoas, a menor célula social; e como tal é uma instituição fundamental para a vida de cada sociedade.
Compreende-se, assim, a razão por que devemos defender vigorosamente a identidade da família e incitar às instituições competentes, que cuidam da política, a não cederem à tentação de reduzirem a dimensão social da família, respeitando suas convicções morais e religiosas (Catecismo da Igreja, 1993). O Estado, entretanto, não pode dispor arbitrariamente da família como se ela lhe pertencesse, como ocorre nos estados totalitários, ou interferir nos aspectos particulares que lhe dizem respeito, como propõe a ideologia do relativismo hedonista. A missão do Estado democrático, contrariamente, é defender e dignificar as famílias e respeitar os seus direitos essenciais, tutelar a liberdade de seus membros e dotar as famílias mais pobres de condições para que possam viver dignamente.
A família cristã é uma vocação de Deus e vivê-la de modo responsável é um serviço que presta ao próprio Divino (Humanae Vitae, Paulo VI). De fato, não se pode viver uma vida saudável se ela não se orientar para uma forma estável de compromisso de amor, fé e piedade. Os membros da família, cada um segundo seu próprio dom, tem a graça e a responsabilidade de construir a comunhão das pessoas, fazendo da família uma escola de humanidade mais completa e mais rica.
Essa reflexão, mesmo que resumida, nos leva a conclusão de que é preciso fazer realmente todo o esforço possível para que a família seja reconhecida como sociedade primordial e soberana. Na verdade, a família é uma escola insubstituível no ensino da religião, da moral, do respeito ao próximo, na construção de vínculos de solidariedade comunitária e amor à pátria.
Acredito que as causas originais de muito dos problemas que afetam a estabilidade da sociedade atual, especialmente do Brasil, estão ligados a essa questão. Assim, não é exagerado insistir que precisamos dar mais atenção à nossa família, que é a expressão fundamental da natureza social do homem e da vida cristã.
NATAL, é tempo de celebrar a família, a amizade e a união.

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