Átila Varela
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O apetite do Hapvida para aquisições, mesmo com a pandemia, não diminuiu. Pelo contrário: a companhia comprou há dois dias o grupo paulista Santa Filomena por R$ 45 milhões. O resultado é a abertura de um leque de 2,1 milhões de habitantes (e 840 mil usuários de planos de saúde) a ser explorado no Interior do Estado.
A empresa não pretende cessar os movimentos em 2020. A ideia é integrar as operadoras menores ao portfólio Hapvida. Quem detalha a estratégia ao Focus é o Guilherme Nahuz, diretor de Relações com Investidores da companhia.
Focus – Que estratégias o Hapvida adotou para preservar a saúde dos beneficiários durante a pandemia?
Guilherme Nahuz – “A gente passou por uma fase bastante complexa. De março até o fim de agosto buscamos garantir que todos os beneficiários recebessem todo suporte, tratamento e medicação contra a COVID-19. Usamos tudo ao nosso alcance para garantir também uma atenção especial a quem trabalha na ponta (médicos, enfermeiros, atendentes).
Participamos de uma verdadeira ‘guerra mundial’. O foco foi garantir o melhor atendimento.”
Focus – Vocês não tiraram o pé do freio no que diz respeito às aquisições.
Guilherme – “Não paramos de olhar para as novas aquisições. A companhia tem uma pegada forte no crescimento inorgânico. Demos uma pausa para a gente respirar e recomeçar. Voltamos a executar nossa estratégia.
Existem muitas oportunidades no mercado. São 700 operadoras, mas a grande maioria de tamanho pequeno. São operações regionais e até familiares locais. Vemos um movimento de consolidação onde as pequenas estão todas à venda. Nesse sentido, aproveitamos os movimentos e estamos sendo bastante seletivos.”
Focus – O Hapvida tem algo engatilhado para o futuro?
Guilherme – “Olhamos todos os perfis (de empresas). Vemos as carteiras de beneficiários, já fizemos transações só de hospitais. Entramos em regiões diferentes como Belo Horizonte com a Promed. Essa aquisição está sendo muito bonita para o nosso portfólio. Ainda é algo preliminar, visto que precisamos aguardar a decisão (do Cade).
Seguimos consolidando e investindo em algumas regiões. É o caso de Maceió, onde estamos construindo um novo hospital, assim como Recife e Natal.”
Focus – O Nordeste segue no radar da empresa?
Guilherme – “As oportunidades de compras de estruturas do Norte-Nordeste são menores, mas continuamos investindo de forma orgânica, de forma natural.
Provavelmente vão acontecer com mais recorrência transações em regiões como São Paulo e Centro-Oeste, replicando a receita de bolo que adotamos no Norte-Nordeste.
É bom lembrar que no Norte-Nordeste estamos construindo cinco novos hospitais. Isso demonstra que temos muito a fazer.”
Focus – Pensam em mergulhar nas capitais do Sudeste? Rio de Janeiro e São Paulo?
Guilherme – “Não temos planos de entrada no curto prazo para São Paulo e Rio de Janeiro. Pode acontecer? Sim, desde que exista oportunidade. Somos agressivos nas aquisições, mas ainda conservadores no valor. São regiões bem competitivas.”
Focus – E o Ceará?
Guilherme – “Aqui nós temos uma infraestrutura adequada para abrigar nossa carteira. Estamos investindo na no Cariri. Vimos a necessidade de ingressar nessa praça e compramos o Hospital Padre Cícero. A região é rica e relevante para os nossos planos. Ainda há muito a ser feito no Estado.”