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Fortaleza Empreendedora: Jayme Leitão fala sobre empreender, projetando e apostando em novos conceitos

 

Jayme Leitão, em entrevista para a websérie “Fortaleza Empreendedora”.

Ludovica Duarte
luduarte@focus.jor.br
Todo empreendedor é um sonhador. Alguém que acredita em suas ideias e as coloca em prática, por mais difícil e trabalhoso que seja torná-las reais. E o primeiro passo para isso é definir o projeto. O arquiteto Jayme Leitão fala com bastante propriedade sobre a importância de projetar para desenvolver uma ideia e transformar o conceito em realidade. “A postura de países avançados é de usar o projeto por um período necessário de reflexão, para desenvolver o conceito e aplicar o capital para criar alguma coisa”, analisa o arquiteto.
Jayme Leitão sempre foi um amante das artes; apreciador de cinema, quadrinhos e pintura. Influenciado por sua mãe, formada em biblioteconomia, e por uma miopia descoberta tardiamente, na sua juventude, dedicou-se muito mais aos livros do que à bola. Esta formação lhe rendeu uma rica bagagem cultural que, posteriormente, se tornou assinatura em seus projetos arquitetônicos.
Formado em arquitetura pela UFC, Jayme chegou a cursar engenharia civil ao mesmo tempo. Mas, logo viu que estava mais ligado ao conceito do que à execução do projeto e seguiu na carreira de arquiteto. Estagiou com os irmãos José e Francisco Hissa, referências na área. Para eles, dedicou exatamente 1 ano e depois decidiu empreender sozinho, contando com o sócio Mário Roque.
“Durante 7, 8 anos, a firma de projetos foi lentamente se consolidando. Tive um capítulo importante com Mário Araripe, que estava iniciando a Colmeia. Assim como eu, ele gostava de pensar o produto e em conceitos novos. Foi um grande sucesso e a partir daí eu me tornei conhecido no mercado imobiliário”, conta.
Mas, apesar do sucesso, Jayme Leitão se sentia desencantado com a arquitetura, pensando em mudar totalmente de área. Se decepcionou ao ver suas ideias desvirtuadas, com projetos grosseiramente modificados na execução final. “Queria dar um outro rumo na minha vida, pois não estava nada satisfeito. Pensava em um projeto branco e coral e o cara construía um verde e amarelo, porque era a cerâmica mais barata”, exemplifica.
Porém, surgiu uma oportunidade que não só faria Jayme mudar de ideia, como seria a base para os futuros projetos da Reata Arquitetura Engenharia, fundada dois anos depois, em 1988. “Amigos me procuraram para conseguir um terreno para fazer um projeto de um predinho. Participei de todo o processo, consegui incluir mais um pavimento. Participei com um apartamento. Ao fim, vendi o apartamento por um lucro interessante e também comprei um terreno que valia mais. Foi aí que comecei a pensar que este poderia ser um caminho pra mim e fazer da mesma forma como fizeram”.
Surgiu, então, a proposta de reunir grupos de investidores através de mutirões, sem recorrer a bancos, que financiariam a execução da obra. A ideia inovadora para época transformou a Reata na única empresa do setor imobiliário cearense que trabalha exclusivamente com obras a preço de custo. A empresa resume sua filosofia através de seu slogan: “Nós não temos cliente, temos sócios”. Além desta nova forma de engenharia financeira, os 20 primeiros empreendimentos tiveram suas unidades sorteadas entre os proprietários/investidores. Uma logística inusitada para época.
Jayme apostou em inovação para se destacar no mercado. Estabeleceu conceitos novos que beneficiavam o projeto tanto esteticamente, quanto economicamente. Parou de projetar para terceiros e se dedicou exclusivamente aos projetos da Reata, que trazem a beleza e o paisagismo em sua concepção. “Como o conceito é o mais importante, é uma grande vantagem quando a empresa domina o processo inteiro. Quando o arquiteto risca e depois executa e assina o cheque, garanto que a forma de pensar e de criar, certamente, terá outras dimensões e será muito mais racional”, explica.
Entre os projetos mais desafiadores de Jayme está a Torre Santos Dumont, idealizada para atender a demanda de Fortaleza que não contava com prédios comerciais. Inaugurado em 2002, o empreendimento surgiu com conceito inovador de edifício corporativo, com 144 salas comerciais. É pioneiro tanto em soluções estruturais, de segurança e logística, quanto no conceito estético. Com base do nome da avenida e do prédio, Jayme idealizou o projeto com diversas referências a Santos Dumont, incluindo uma réplica idêntica do 14 BIS, com proporções menores, exposta no teto da torre.
“Um dia quis fazer uma coisa diferente para Fortaleza e entregar algo que não existia aqui. Mas, a Torre Santos Dumont foi um projeto muito difícil, porque era tão novo em relação ao que existia, que as pessoas diziam: ‘Isso aqui foi a vaidade do Jayme. Não vai dar certo'”. O arquiteto encarou o desafio e se empenhou em provar que estava certo com seu conceito inovador. “Fizemos o caminho inverso. Já que [a falta de adesão] estava deixando o processo lento, agora vamos caprichar mesmo. Fizemos um superprojeto e quando foi ficando pronto, o prédio foi se tornando um grande sucesso”.
Em 31 anos de história, Jayme lembra que além do desafio da Torre Santos Dumont, houveram outros momentos de dificuldade do quais tirou grandes lições. Ele conta que chegou a ser prejudicado em uma operação imobiliária, na qual uma terceira pessoa entrou no processo e, por má fé, prejudicou seus negócios. “Foram alguns anos perdidos. Aí, começa a minha fase advogado. Passei a entender que a arquitetura jurídica é tão ou mais importante para o empreendedor do que o próprio projeto em si”.
Das lições de sua vida empresarial, o arquiteto destaca duas: “Primeiro, que apurado não é lucro. É algo simples, mas que já pegou muita gente no caminho. E segundo, a vaidade mata; principalmente, o empresário. O empresário tem que ser uma pessoa com a capacidade de análise. Chegar ao senso comum é algo que deve fazer parte do processo de projeto de todo empreendedor”.
Atualmente, a Reata Arquitetura Engenharia investe em projetos inovadores que transformam não só a paisagem arquitetônica da cidade, como também proporcionam um recomeço para os proprietários. “São praticamente obras de cirurgia urbana”, explica. Como exemplo Jayme conta como se deu o processo de aquisição e transformação dos prédios Versailles (evacuado e isolado após o desabamento de uma varanda que vitimou duas pessoas) e Amadeus (prédio vizinho), que darão lugar ao Excelsior, novo empreendimento da Reata. “No Excelsior, os primeiros sete andares serão destinados aos proprietários do Versailles. Você tem que imaginar que estas sete famílias foram evacuadas do seu prédio, saíram de lá com a roupa do corpo. Tava tudo lá; a vida delas estava lá. E agora estas pessoas podem ter uma segunda chance”.
Jayme antecipa que está trabalhando em outros projetos na mesma linha. “Em algumas situações, a gente não só está valorizando áreas que tem uma boa infraestrutura, como também está melhorando a vida destas pessoas. Isso envolve projetos de vida”, revela.
A Reata possui ao todo 53 obras. Projetou e construiu 49 empreendimentos, um total de 2.669 unidades e 492 mil m² de área construída, entre prédios residenciais, edifícios corporativos, hotéis e projetos voltado para o turismo. E, atualmente, conta com duas obras em andamento e dois projetos que estão em fase de lançamento, para iniciar construção em 2020.

 
O projeto “Fortaleza Empreendedora: histórias que inspiram” é uma realização da Focus.TV, com a direção geral de Fábio Campos, produção e roteiro de Ludovica Duarte, filmagem e edição da ADJETIVA Vídeo Branding e apoio da Prefeitura de Fortaleza, Libercard e Grupo Marquise, com apoio cultural da Fundação Capistrano de Abreu. Imagens de apoio: Quatro Studio.
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