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Fortaleza 2020: O que virá? Por Ricardo Alcântara

Ricardo Alcântara é publicitário e escritor.

As eleições municipais deste ano ocorrem no contexto extraordinário da pandemia. Boa parte da refrega foi transferida das ruas para as redes sociais e a retração na Economia, com o consequente aumento no nível de desemprego – já elevado no caso brasileiro – é o elemento de base dessa tempestade perfeita.

Em Fortaleza, há onze candidatos inscritos, mas somente cinco demonstram capacidade de atrair a atenção do eleitorado: Capitão Wagner, Heitor Férrer, José Sarto, Luizianne Lins e Renato Roseno. Não deverá se dar o fenômeno emergente e imprevisível do sujeito que Nelson Rodrigues chamava em suas crônicas esportivas de Sobrenatural de Almeida.

José Sarto, candidato apoiado pelo prefeito atual, terá curta temporada (seis semanas) para convencer o eleitor de que ele é o velho Novo e não um novo Velho: veterano na política, nunca enfrentou disputa majoritária. Ao apoio de um prefeito de avaliação popular boa, mas não extraordinária, terá que agregar à força de sua candidatura um desempenho pessoal cativante. A Comunicação desempenhará, pelo sim ou pelo não, papel relevante na operação.

Capitão Wagner foi ao segundo turno na eleição anterior e deverá ocupar o centro de atenção do eleitor mais conservador, receptivo aos apelos de ordem e autoridade. Tem penetração viscosa nos segmentos de baixa renda, mas enfrenta resistências em famílias que vivem acima de cinco salários mínimos (a Aldeota quer ver o policial na sua calçada, mas nunca o convida para tomar um cafezinho na sua cozinha).

Luizianne Lins, escorpiã narcísica, não é tanto, como talvez ela imagine, candidata de uma ação: sua gestão, concluída há oito anos, deixou marcas, mas não tanto saudades. Não. Ela é mais candidata de uma ideia! E o nome dessa ideia é Lula da Silva e tudo que ele representa, de afeição e repulsa. É candidata de uma ideologia: o reformismo moderado lulista.

Deputado, Heitor Ferrer fará, de novo, sua pré-campanha legislativa com a exposição maior de uma candidatura majoritária. Se surpreender, não será fato inédito. Mas Heitor tem um problema: a aliança com Eunício Oliveira (MDB), se lhe dá tempo de propaganda, trai seu discurso, com acento ético e apelo ao espírito republicano – tudo que o fisiológico Eunício não representa. Ganha pernas e perde a voz!

Renato Roseno é o de menores chances e maior consistência programática. De livre escolha, seu Psol perdeu densidade crítica quando colou solidariamente em Lula no seu pior momento, tornando-se, na narrativa ácida de uns, um “puxadinho do PT”. Mas a personalidade do candidato, muito respeitada no segmento que lhe acompanha, o protege um pouco desse desgaste.

PS: Daqui a vinte anos, meus netos irão me perguntar, ao ver as imagens dessa eleição: Por que estão todos mascarados? Lembraremos, então, do Coronavírus como um pesadelo, mas dele acordaremos. Graças à ciência. Viva a ciência!

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