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Enfim, Bolsonaro se mobiliza por uma vacina, que é a russa comprada por Camilo

Uma revisão de estudo científico de Fase 3 publicada nesta terça-feira (2) na revista britânica The Lancet trouxe boas novas na arena de combate ao coronavírus: a vacina Sputnik V mostrou uma eficácia de 91,6% em regime de duas doses, além de bons resultados em relação à imunogenicidade e à segurança.

Por Fábio Campos
faiocampos@focus.jor.br

Pela primeira vez desde que a pandemia começou no Brasil, há mais de um ano, Jair Bolsonaro se mobiliza de corpo e, possivelmente, alma para viabilizar uma vacina contra a COVID-19. Por ironia, trata-se da russa Sputnik V, o imunizante encomendado (5,87 milhões de doses) por Camilo Santana em contrato firmado com o Fundo Soberano Russo. Ou seja, uma compra direta pelo Ceará.

O problema é que a vacina que faz parte do esforço de propaganda do presidente Vladmir Putin ainda nem sequer foi aprovada pela Anvisa. Mas, é muito provável que o inédito esforço de Bolsonaro possa resultar em uma tramitação mais rápida da papelada junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

Para que o Ceará e os cearenses possam se beneficiar rapidamente, os procedimentos têm que fluir de uma forma que até agora não se viu. Pelo contrato firmado por Camilo, a entrega dos imunizantes deve (ou deveria) ocorrer em quatro lotes: abril, maio, junho e julho. A quantidade por remessa não foi divulgada.

Nesta terça-feira, Jair Bolsonaro conversou por telefone com Putin. Ao lado dele, estavam o ministro da saúde e o presidente da Anvisa. O tema principal foi a aquisição de doses da Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, e a produção do imunizante no Brasil por um laboratório privado, a União Química. 

No início de fevereiro, um texto deste blog comentou que a Sputnik V tinha tudo para ser a “vacina de Bolsonaro (leia aqui). Pelo visto, pode se tornar também a “vacina de Camilo”.

“Acabei de receber um telefonema do presidente Putin. Um dos assuntos mais importantes que nós tratamos aqui é a possibilidade de nós virmos a receber a vacina Sputnik, daquele país. Logicamente dependemos ainda de resolver alguns entraves aqui no Brasil, e estamos ultimando contatos com as demais autoridades, entre eles a Anvisa, [sobre] como nós podemos efetivamente importar essa vacina”, disse o presidente em vídeo publicado nas suas redes sociais.

Caso a vacina russa seja liberada pela Anvisa e o Governo do Ceará receba a encomenda, o Estado garantiria a imunização de pelo menos 2,9 milhões de cearenses. É quase o triplo dos vacinados até aqui, contando a primeira e a segundo dose.

Em uma entrevista, o secretário de saúde do Ceará, Dr. Cabeto, disse o seguinte: “Se não houver uma aquisição por conta do Ministério da Saúde e do PNI (Programa Nacional de Imunizações) nós devemos estar acrescentando 2,7 milhões de cearenses ao plano de vacinação regular do Ministério da Saúde. Isso é muito bom, porque abre espaço para que até junho nós tenhamos quase 50% da população cearense vacinada e, melhor ainda, grande parte da população de risco (vacinada), o que reduziria muito o risco das pessoas que vivem em nosso estado”.

E a Sputink V é confiável?
Bom, o que se sabe até aqui, além da propaganda russa, é com base em um único estudo publicado pela Lancet. Ancorado em dados ainda preliminares, o estudo indicou uma eficácia de 91,6% e um ótimo perfil de segurança.

Foram 19.866 voluntários analisados no estudo preliminar: dois terços tomaram duas doses da vacina (com intervalo de 21 dias entre elas). O restante ficou com um placebo. Desses, 78 pessoas desenvolveram a Covid-19, sendo que 62 estavam no grupo que não recebeu o imunizante de verdade. É a partir desses dados que os pesquisadores concluíram que a Sputnik reduziu o risco de desenvolver a doença em 91,6%.

Além disso, análises secundárias apontam que, 21 dias após a aplicação da primeira dose, a vacina russa foi 100% eficaz na prevenção de casos graves e mortes. Essa pesquisa foi conduzida em Moscou, na Rússia.

Veja os países que concederam autorização emergencial para uso da Sputnik V

Angola, Argélia, Argentina, Armênia, Azerbaijão, Bahrein, Belarus, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Cazaquistão, Djibouti, Egito, Emirados Árabes, Eslováquia, Gabão, Gana, Guatemala, Guiana, Honduras, Hungria, Irã, Iraque, Jordânia, Laos, Líbano, Macedônia do Norte, Marrocos, México, Mianmar, Moldávia, Mongólia, Montenegro, Namíbia, Nicarágua, Palestina, Paquistão, Paraguai, Quênia, Quirguistão, República da Guiné, República do Congo, San-Marino, São Vicente e Granadinas, Sérvia, Síria, Sri Lanka, Tunísia, Turcomenistão, Uzbequistão e Venezuela.

Vejam quais os estados interessados na importação direta da Sputnik V, sem a mediação do Governo Federal.

  • Acre;
  • Bahia;
  • Rio Grande do Norte;
  • Maranhão;
  • Mato Grosso;
  • Piauí;
  • Ceará;
  • Pernambuco;
  • Pará;
  • Sergipe;
  • Rondônia.

 

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