Por Marcelo Salgado
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A ideia de que as emoções estimulam comportamentos políticos é muito antiga. O filosofo grego Aristóteles, afirmava que muitos oradores sensibilizavam as massas na antiguidade utilizando um tipo de retórica cheia de sentimentos denominada Pathos. Já no século XV, Maquiavel demonstrou que o príncipe deveria não somente ser amado pelos súditos, mas principalmente temido. No início do Século XX, Max Weber chamou de carisma a capacidade de dominação política por meio de atributos inerentes e excepcionais que estimulam a adoração aos lideres populares. Mais recentemente, na era da mídia digital, várias pesquisas e estudos emergiram com a intenção de demonstrar o impacto dos apelos afetivos inerentes às campanhas eleitorais.
As emoções não estão separadas da mente, mas sim constituem um importante arranjo no processo cognitivo. Uma parcela importante dos especialistas em psicologia política vem tratando de analisar de maneira parcimoniosa o impacto das emoções dentro do processo de tomada de decisão e escolha eleitoral. Tal literatura está muito interessada em compreender como as emoções e razão estão entrelaçada, e nessa dinâmica, entender de que forma a convergência entre esses dois fatores produz comportamentos e escolhas políticas.
Também chamada de “fadiga de material” ou “bile eleitoral”, a rejeição política é um dos indicadores de voto mais importantes em qualquer cenário ou ambiente eleitoral . Todos sabem que a uma alta taxa de rejeição política é um câncer que pode levar qualquer agente público à derrota nas urnas. Quais motivos levam o eleitor a rejeitar um político ? Que fatores subjetivos e objetivos imperam na formação da vontade do cidadão? São vários os fatores que determinam as decisões comportamentais do eleitor. Podemos considerar entre tantas variáveis a sua aparência física, o timbre de voz, trejeitos e cacoetes, o nível de escolaridade, riqueza ou honestidade, sua raça, credo religioso ou origem geográfica. A rejeição por vínculo ou “osmose” também acontece pelo simples fato do político ser parente, amigo ou apadrinhado desse ou daquele nome ou partido político decadente . A rejeição eleitoral é um longo e tortuoso processo de “desconstrução” ou “queimação”.
Há casos em que o padrinho do candidato, a sigla do partido , a cor do partido, o símbolo, um determinado parente, precisam ficar escondidos durante a campanha ; tamanha é o azedume da sociedade a determinadas siglas , personalidades , símbolos e cores partidárias.
Do ponto de vista psicológico a taxa de rejeição eleitoral é um péssimo agouro pré-eleitoral, que tende a aumentar se não forem tomadas as providências urgentes e cabíveis em cada caso específico e concreto. As pesquisas eleitorais no Brasil , servem de termômetro para medir o humor dos eleitores, funcionam muitas vezes como uma “bússola” ou “lanterna na popa” do navio e nunca como “lanterna na proa” do navio. Ou seja: As pesquisas políticas no Brasil medem mais aquilo que aconteceu no passado, muitas vezes não detectam as últimas tendências. Pergunta-se em quem o eleitor votaria se a eleição fosse hoje; mas não se pergunta porque vota no candidato “X” ou porque rejeita o candidato “Y”. É ai que a famosa margem de erro com 2% pra mais ou pra menos estoura e o intervalo de confiança prometido de 95% vai para o espaço sideral.
O impacto das emoções na formação da intenção de voto do eleitor brasileiro no segmento C-D-E tem sido devastador. O marketing Político praticado no Brasil em 2018 seguiu o receituário tradicional : Demonizar a lucidez e fomentar os impulsos emotivos. Porém , a clássica antítese entre razão e emoção é uma falácia. O comportamento do eleitor brasileiro é muito complexo e a cada eleição o cidadão vem decidindo sua intenção de voto na penúltima hora.
Fazer prognóstico sobre o futuro de uma eleição é tarefa mais complexa e exige percepção social e política muito apurada. Temos que pensar fora da caixa e além dos números, gráficos e margens de erro. O recado das urnas no primeiro turno da eleição presidencial em 2018 foi claro para os políticos, marcas e reputações: Posicionem-se, nada de ficar em cima do muro ou na garapa.
A memória do eleitor cidadão é parte da sua identidade, é onde ele armazena as informações aprendidas. Cada vez que um indivíduo recebe novas informações, ele as processa de acordo com o que foi armazenado.
O estudo das emoções políticas e do comportamento eleitoral vem ganhando cada vez mais espaço entre os psicólogos e cientistas políticos. Quanto mais emocional é uma pessoa, maior é a probabilidade dela ser dominada pela obsessão, desilusão e demagogia. As emoções e sentimentos têm capacidade discriminatória e, desse modo, podem influenciar fortemente nossas escolhas. O Partido dos Trabalhadores, ainda faz de conta que não entendeu o recado das urnas, mas é fato que o antipetismo tomou conta do Brasil. O chamado “efeito manada” derrubou Dilma Rousseff, garantiu que Lula continuasse preso e agora vai eleger Jair Bolsonaro no segundo turno. Só resta agora judicializar a campanha do adversário em forma de terceiro turno.
A opinião pública brasileira e mundial historicamente se movimenta como um pêndulo de relógio antigo. O sentimento do povo nas ruas brasileiras atualmente é que políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelos mesmos motivos.
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