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Em Fortaleza, pode haver falta de UTI, mas não de oxigênio

Planta da White Martins na ZPE do Pecém produz oxigênio hospitalar e industrial e é a maior unidade do Brasil.

Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

Pode até ocorrer grandes problemas de demanda por UTIs caso a pandemia mantenha o ritmo dos últimos dias no Ceará, mas é improvável que Fortaleza repita o caos de Manaus no que diz respeito à oferta de oxigênio. É que a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), localizada na área do Porto do Pecém, abriga a maior planta fabricante de oxigênio hospitalar e industrial do Brasil.

A unidade tem capacidade de produzir mais de duas mil toneladas de gases por dia. Além do oxigênio, o nitrogênio, dedicado à preservação do sangue e tecidos vitais, também é produzido na planta do Pecém. Diante da capacidade de produção, é muito improvável que falte oxigênio nos hospitais do Ceará. É importante lembrar que o caos em Manaus e outras cidades da Região Norte se deu por problemas de logística.

Subsidiária da multinacional irlandesa Linde PLC, a White Martins é parte da maior empresa de gases industriais do mundo. A unidade instalada na ZPE Ceará possui clientes principalmente nas regiões Norte e Nordeste, sendo a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) um dos mais importantes (a passagem do ferro fundido para o aço utiliza o oxigênio).

No Brasil, a Linde e a White Martins eram concorrentes até 2018. Naquele ano, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão das duas empresas no País. Foi a consequência de uma operação mundial ocorrida em maio de 2017. Na prática, a Linde agregou a White Martins a um custo de aproximadamente US$ 70 bilhões.

Mesmo antes da pandemia e da imensa demanda de oxigênio hospitalar, já havia críticas apontando um possível cartel no Brasil. Tanto que, há dez anos, o Estadão trouxe a seguinte manchete: “Cade impõe multa recorde de R$ 3 bilhões a cartel do oxigênio”.

Foi a a maior multa já aplicada até então pelo Cade. A Linde e a White Martins faziam parte dessa suposta cartelização de um setor que é estratégico para a economia. Menores, as empresas Air Liquide, Air Products e IBG também compunham o oligopólio indicado pelo Cade. A IBG é a principal produtora de oxigênio com capital 100% nacional.

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