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Eleições em Fortaleza: Da estrela solitária à equipe sem mundial

Por Van Klaus
Post Convidado

Fosse a disputa ao Paço Municipal comparada ao competitivo Brasileirão, teríamos mais semelhanças a bolas foras. Reforços de equipes para a temporada, uso do VAR, tradicionais rasteiras por parte dos cartolas e, claro, diante da pandemia, sem torcida presente.

As semelhanças começam pelos principais times na competição.

A equipe vencedora da última temporada, o Flamengo, representaria a candidatura de José Sarto, do PDT. Não somente pela chance de manter o título nas urnas, mas também pelo time de massa. É disparado o candidato com maior número de partidos coligados: 14. O ponto forte da equipe são os resultados obtidos pela gestão do atual prefeito Roberto Cláudio, tais quais índices na educação, escolas em tempo integral, melhorias no transporte público, construção de areninhas e de UPAs. Com relação à aquisição e distribuição de medicamentos, o VAR foi solicitado.

O ponto fraco é a tentativa de adaptar o candidato a um modelo pronto de campanha. Sarto nem de longe passa simpatia, mas seriedade e jeitão de trabalhador. Querer colocar Sarto como o prefeito que cuidará das pessoas é cair no óbvio da sua condição de médico. Para mostrar o risco desse passe errado, é só perguntar a 10 fortalezenses de quem é a marca “cuidar das pessoas”. Por certo, oito deverão apontar uma outra candidatura.

Por falar em outra candidatura, temos o Botafogo, time da estrela solitária. Por ironia, a estrela do PT, de Luizianne Lins, está mais solitária do que nunca. Brasília deve ter afastado um pouco a ex-prefeita e atual deputada federal dos bastidores da política cearense. E a habilidade já não é mais a mesma. Luizianne enfrentou desgaste desnecessário na tentativa de ter Heitor Férrer na vice, depois o MDB. Com boa parte de seu eleitorado antipetista e conservador, Heitor teria dificuldades de se explicar em 2022.

Já o MDB, sob o comando no Estado de Eunício Oliveira, teria tudo para compor chapa com Luizianne e tentar uma espécie de vingança contra o grupo liderado pelos Ferreira Gomes, quando o próprio Eunício responsabiliza o grupo por sua derrota à reeleição de senador. Mas a proximidade do presidente estadual emedebista com o governador Camilo Santana falou mais alto. E a cartolagem entrou em campo. Logo Camilo, que esgotou todos os mecanismos para convencer Luizianne a desistir da disputa e o PT apoiar o candidato do grupo liderado pelos Ferreira Gomes. Mas Luizianne tem, sim, seu ponto forte: o ataque. Ousada e aguerrida, mete medo em qualquer defesa, principalmente quando pretende receber assistência de Lula.

E da tentativa frustrada de Luizianne por Heitor na vice, eis o candidato do Solidariedade na disputa com o uniforme do São Paulo. Nunca o nome de um partido caiu tão bem para Heitor Férrer como “solidariedade”. Assim como leve, também, é o São Paulo. Ao ponto de ser o segundo time de qualquer torcedor. E esse é o ponto forte de Heitor Férrer. Já o ponto fraco é a sua condição de não se reconhecer “grande”, assim como grande é o São Paulo (creiam). Mas, nesta temporada, Heitor recebeu o importante apoio com a vice do MDB, o Corinthians. Time de imensa torcida, mas quase sempre coadjuvante em campeonatos.

Na união do São Paulo com o Corinthians, sobrou para o Palmeiras, de Capitão Wagner (PROS). Pouco provável que Heitor e o MDB tirem votos de Sarto, mas é compreensível que os torcedores insatisfeitos com o atual campeão Flamengo migrem em parte do Palmeiras para o simpático São Paulo. E é essa ausência de habilidade política o ponto mais fraco de Capitão Wagner. Parecida com a cobrança das outras equipes pelo título mundial do Palmeiras. Um grande time sem uma conquista de mundial de clubes. Uma candidatura sem qualquer experiência de gestão.

A ausência política também é refletida na própria militância, que se reporta, nesse caso, à etimologia da palavra. O ponto forte de Wagner é o tempo. Opositor com maior número de votos na última eleição ao Paço Municipal, seria natural que Wagner inicie a corrida eleitoral na vantagem das intenções de voto neste primeiro turno, principalmente quando o vencedor do pleito não mais poderá concorrer, pois a lei eleitoral não permite um terceiro mandato consecutivo. Resta a Wagner manter seu percentual, ao invés da árdua tarefa da conquista dos votos. É como se o Palmeiras ficasse tocando a bola no meio de campo para garantir classificação à próxima fase.

Além dessas quatro grandes candidaturas, temos outras capazes de concorrer ao título da temporada. Heitor Freire (PSL), com o Grêmio, equipe que bate mais nos adversários do que joga. Renato Roseno (PSOL), com o Vasco, time que cai para a Série B em um ano e escapa do rebaixamento no outro.

Os candidatos podem até não concordar com os times aos quais representam. Afinal, todos querem a mesma equipe… Fortaleza.

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