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Eleições e conspirações, por Igor Lucena

Articulista do Focus, Igor Macedo de Lucena é economista e empresário. Professor do curso de Ciências Econômicas da UniFanor Wyden; Fellow Associate of the Chatham House – the Royal Institute of International Affairs  e Membre Associé du IFRI – Institut Français des Relations Internationales.

Algo que é intrigante quando estamos em ambientes políticos polarizados, como no Brasil e nos Estados Unidos, é que começamos a assistir em muitas vertentes a uma alteração na razão lógica das pessoas.

Em um ambiente polarizado, muitas vezes pela esquerda e pela direita, os debates se agigantam, as ideias e os projetos políticos, que são costumeiramente alinhados com a tendência política específica, começam a perder a razão, e passam a entrar em uma zona bem distante do objetivo principal da política, que é ciência da organização, da direção e da administração das nações.

O ambiente polarizado ao extremo transforma a política lógico-racional em uma política visceral, na qual ideias conflitantes, que são expostas aos eleitores para que decidam quais são os melhores projetos, passam a se tornar ataques pessoais. Histórias de vida e de trabalho dão lugar ao ressentimento e ao mais claro ódio ao outro.

Com o advento sombrio e oculto da internet, as Fake News e os “comentaristas partidários” passaram a propagar informações inverídicas com o único objetivo de prejudicar o lado contrário, fazendo com que os eleitores passassem a não acreditar em determinado partido, sem nenhum mínimo interesse pela sociedade ou com qualquer preocupação com a população independentemente de existirem projetos que melhorassem a vida das pessoas.

Talvez o mais abjeto aspecto da polarização se dê quando um ou outro lado da disputa ‘solta a voz’ publicamente para pedir a prisão do candidato oposto sem nenhum motivo aparente, apenas porque não concorda com suas ideias, ou quando se julga que o responsável por todas as mazelas de uma sociedade é exclusivamente o adversário político ou um grupo social específico. Essa ideia infelizmente persiste em nossa sociedade. Durante a década de 1930, na Europa, ocorreu uma das maiores tragédias da humanidade, quando ocorreu a vitória, nas urnas, de um determinado lado polarizado.

Vale ressaltar que a única explicação crível para a derrota política é que suas ideias não foram aceitas pela sociedade ou que sua administração fora reprovada para um segundo mandato. Contido, surgiu logo a ideia de que houve fraudes em massa, que existia uma importante conspiração de parte da sociedade, que o lado oposto havia roubado a eleição e que não seria aceito o resultado obtido nas urnas.

O mais importante de todos esses problemas é que o propósito real de a política existir fica distorcido, pois os agentes políticos polarizados no extremismo se colocam como agentes superiores à sociedade, e o interesse final de melhorar a vida das pessoas fica em segundo plano.

Seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Inglaterra, a política polarizada e o extremismo, seja de direita ou de esquerda, apenas degeneram a sociedade democrática e não geram quaisquer benefícios aos membros das comunidades. Os extremistas servem apenas a si mesmos.

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