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Eleição do prefeito de Fortaleza: para entender o baralho de 2020


Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br
Em conjuntura movediça e com tantas variáveis, certamente é uma precipitação fazer projeções acerca das eleições para a Prefeitura de Fortaleza no próximo ano. Para início de conversa, há pelo menos duas circunstâncias decisivas para definir os contornos do cenário de 2020. A saber: a janela partidária, que permite mudança de partido, e a desincompatibilização dos que pretendem disputar as eleições. Tudo com data limite idêntica. No caso, seis meses antes das eleições. Portanto, entre o fim de março e o início de abril de 2020.
Sendo assim, somente após a passagem dessa data limite é que teremos uma ideia mais concreta das candidaturas e das circunstâncias políticas que vão cercar cada uma delas. No entanto, as pedras estão sendo movidas, as conversas estão se dando e o jogo está sendo jogado. Um recente movimento veio a público: por pouco, o DEM não foi retirado do colo do empresário Chiquinho Feitosa, que apóia Roberto Cláudio, para cair nos braços da dobradinha Mayra-Capitão.
A aliança governista
Focus
tem ouvido muitos dos protagonistas do jogo. No campo dos governistas, já há a aparência de uma aliança bem delineada. Claro que passível de mudanças em função das variáveis próprias da política. Se a eleição fosse hoje, o candidato apoiado por RC, Cid, Ciro e Camilo seguiria montado na seguinte aliança: PDT, PR, PSD, PP, PRB e DEM.
Uma aliança antes do candidato ser definido? Isso mesmo. Esse grupo tende a seguir junto independentemente de quem quer que seja o cabeça da chapa. RC pode até ter simpatia por um ou outro nome, mas não vai fazer movimentos bruscos e antecipados. O limite da data será usado. O prefeito não tem um grupo político. Ele é parte de um cuja liderança maior chama-se Ciro Gomes.
O campo da oposição
O Capitão Wagner é o candidato mais identificado com uma ideia de oposição a RC. Identificado com a área de segurança pública, o deputado federal vai ter que ampliar seu discurso. A queda nos índices de criminalidade assim impõe. No entanto, Wagner vem pacientemente montando a sua aliança. Tanto que, nesse momento, carrega consigo o Pros, o Avante e o Podemos. Vai brigar muito para atrair o DEM e o PSDB.
DEM e PSDB são um caso à parte. Siglas com pretensões presidenciais em 2022 precisam jogar o jogo de 2020 não apenas como meros figurantes. Os tucanos têm declarado a intenção da candidatura própria. O ex-deputado Carlos Matos tenta se credenciar. Já o DEM permanece como incógnita, muito embora haja conversas nacionais de aliança e posterior fusão entre essas duas siglas.
Luizianne-Eunício
E a gloriosa esquerda, como ficará? Afinal, o governador Camilo é do PT. Porém, esqueçam isso. Camilo vai com os Ferreira Gomes. A ex-prefeita Luizianne Lins (PT) vai se colocar como candidata. A interlocutores, a deputada federal tem dito que só entra no jogo se for com a plena união da esquerda. E não esqueçam: tem aí o PMDB de Eunício Oliveira dando sopa e com o ex-senador mordido. Tanto que a maior aposta de hoje é que PT e PMDB se aliam em Fortaleza. O Solidariedade seria outro a compor com esse grupo.
Por si só, essa aliança já teria dois fatores fundamentais: tempo de TV, uma boa estrutura política e grana. Sim, são dois gigantes dos fundos partidários e eleitorais. Atentem que PSB e PCdoB, circunstancialmente, podem ser atraídos para esse palanque (circunstancialmente, podem também compor o palanque do candidato de RC). O fato é que são duas interrogações cujas respostas não são para agora.
 
Novíssimo em disputas na Capital, o Novo deve ir de Geraldo Luciano. Seus movimentos e seu discurso apontam para a configuração da candidatura com chapa própria do partido. Tempo de TV mínimo. Sem fundo partidário para ajudar (a sigla se recusa a usar dinheiro público) e sem alianças, Geraldo vai tentar arrebatar as multidões com o discurso liberal (ainda sofisticado para as massas) da sigla. Terá uma militância jovem a seu favor e boas condições de atrair doações. Majoritariamente, de classe média para cima.
Acerca do discurso do Novo, a questão que se coloca é a seguinte: Geraldo usaria os mesmos artifícios de Romeu Zema? Para ganhar em Minas, Zema fez um discurso que foi muito além da ideia liberal. Suas falas foram moralistas e, muitas vezes, demagogas. Coisas como criticar o uso de aeronaves pelos governantes e transformar a residência oficial em um museu da corrupção. No poder, Zema usa aviões, helicópteros e o Palácio permanece Palácio. Não é esse o perfil do respeitadíssimo executivo da área privada. Porém, jogo é jogo, campanha é campanha.
Psol e PV
Mais à esquerda do espectro político do Ceará, o Psol caminha seu caminho usual. Ou seja, o deputado estadual Renato Roseno tende a ser candidato mantendo aceso o discurso mais à esquerda, principalmente relacionado aos temas ambientais. Tem ainda o PV, mas há muita conversa nos bastidores dando conta de o deputado federal Célio Studart tanto pode ser candidato a prefeito quanto pode apoiar outro. Não é à toa que, nos bastidores, fala-se que há conversas entre o protetor das cadelas oprimidas e o prefeito.
Partido de Bolsonaro
Tem também o PSL, o furacão eleitoral de 2018 que surgiu na sombra do fenômeno Jair Bolsonaro. Tem muita gente falando em ser candidato. O deputado estadual André Fernandes quer. É improvável. O yutuber foi defenestrado da direção municipal da sigla e deve se preocupar mais com a Comissão de Ética da Assembleia em função do excesso de bobagens que propaga. Fala-se também no deputado federal Heitor Freire, porém tem gente apostando que Lucas Fiúza, dirigente do partido e que recentemente assumiu cargo federal, será o candidato que o próprio Freire gostaria de apostar.
Efeito Lula e Bolsonaro
Bom, ainda é muito cedo. Até lá, não se sabe como estará a situação da economia e a situação de Bolsonaro. São as variáveis que hoje não podem ser mensuradas. Caso esteja em boas condições políticas, Bolsonaro pode orientar a construção de uma aliança em Fortaleza a favor do Capitão, por exemplo. Se o fizer, fará estimulando a polarização que o levou ao poder.
Outra variável: a ideia da Lava Jato ainda estará forte no ano que vem? Ou será que terá perdido a ênfase e se desgastado até lá? E se assim for, como estará a situação de Lula? Será o petista um cabo eleitoral poderoso em Fortaleza, caso esteja solto?
 

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