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Desperdício de recursos públicos e corrupção não são iguais para a sociedade, aponta estudo da FGV

Foto: Divulgação.

Frederico Cortez
cortez@focus.jor.br
Em estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Brasil há uma capacidade de entendimento diferente quanto aos temas corrupção e desperdício de recursos públicos. Para o economista e pesquisador Paulo Roberto Arvate, o descaso e o desvio de dinheiro público são os causadores da “perda do bem-estar” dos eleitores, sendo que nem sempre o desperdício do dinheiro público tem a mesma reprovação que a corrupção.
Na pesquisa intitulada “Condenando a corrupção enquanto incidência na ineficiência: uma investigação experimental no comportamento de votação“, Arvate cita que as eleições têm o papel para desempenhar duas funções: (1) seleção de políticos que melhor representa as preferências do eleitor e (2) punição dos políticos que tiveram mau comportamento durante o seu mandato. Segundo o estudioso, não há diferença entre o político corrupto e o que desperdiça dinheiro público com obras faraônicas ou que não tem serventia para a comunidade como um todo. Todavia, “os eleitores podem estar dispostos a condenar a corrupção, mas também para desculpar o desperdício”, conclui.
O caso da Petrobras foi usado como exemplo, onde foi detectada uma perda de R$ 6 bilhões por atividades de corrupção (propina). Já em relação ao uso indevido e má gestão de recursos da mesma companhia, o prejuízo foi cerca de sete vezes maior que na situação de corrupção, resultando no rombo gigantesco de R$ 44 bilhões. Aqui, fica claramente demonstrado o quanto é importante a atenção e fiscalização na forma como se administra o dinheiro público.
Determinados modelos de política podem levar políticos que tiveram mau conduta à reeleição, quando em algumas situações os seus eleitores priorizam “maximizar os ganhos individuais”. Aqui, há uma direcionamento para o particular em detrimento do bem maior, que é a coletividade. Assim, o pesquisador cita o caso de uma trade-off (troca) quando “Um político que desviou ou desperdiça fundos podem sobreviver reeleições se ela trouxer mais “carne de porco” (vantagem pessoal) para seus eleitores do que outros políticos que não se comportem mal. Neste caso, os eleitores enfrentam um trade-off (troca) entre o que é melhor para si e o que é melhor para a sociedade, e as eleições podem deixar de selecionar concomitantemente os políticos que melhor representam interesses dos eleitores e punem aqueles que se comportam mal”.
Em conclusão, a pesquisa revela primeiramente que há uma condenação gritante quanto aos políticos corruptos, o que diminui drasticamente suas chances de reeleição. De outro lado, existe uma tolerância por parte dos eleitores quando políticos “só criam” desperdício do dinheiro público. Dessa forma, de suma importância é que seja de livre acesso as informações sobre a quantidade de recursos desperdiçados pelo governo, para que as normas condenatórias de tais práticas negativas tenham maior alcance e eficácia. Nesse ponto, importantíssimo o engajamento da sociedade como um todo, seja por meio de ONG’s ou inciativas particulares, finaliza Arvate.
*Com informações Fundação Getúlio Vargas
Veja o vídeo de Paulo Roberto Arvate, pesquisador da FGV

*Paulo Roberto Arvate é economista, possui mestrado e doutorado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor visitante da Michigan State University (MSU). Professor da Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (EAESP) e pesquisador do C-Micro (FGV).

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