Pesquisar
Pesquisar
Close this search box.

O desejo autoritário de Guedes não se relaciona com o liberalismo

O ministro da Economia, Paulo Guedes, caminha para a direita, mas AI-5 nada tem a ver com liberalismo. Aliás, que assinou o decreto da ditadura era gente que amava os tentáculos estatais.

Por Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br
Que tipo de gente se dispõe a evocar o Ato Institucional número 5? Ora, é o espírito autoritário que comanda tal desejo. Não foi nada surpreendente ver e ouvir o “zerotrês” a defender tal ideia. Havia em sua fala um misto de ignorância profunda misturado com ânsia autoritária pura e simples.
Porém, o que diabos leva um ministro da economia formado na escola de Chicago, academia berço moderno do liberalismo, a se dedicar a falar em AI-5, o decreto da ditadura que fechou o Congresso, radicalizou a censura e ensanguentou os porões da tortura?
A fala desastrada do ministro mostra que Paulo Guedes não é liberal coisíssima nenhuma. Um liberal não se molda somente pela política econômica. Um liberal se molda pela ideia das mais amplas liberdades democráticas. Praticamente todas as conquistas das liberdades individuais, como o direito de ser o que bem entende nos mais diversos campos, são frutos do liberalismo.
Com sua suposição pró AI-5, Paulo Guedes demonstra que não se importou com o lado terror de Pinochet, no Chile, único País em que a experiência liberal (na economia) foi implantada (com sucesso) na América Latina. Diga-se que Guedes prestou serviços para a ditadura chilena.
Antes que os apressados venham criticar a afirmação acima, sim, o Chile é um sucesso na economia. O que acontece hoje, com milhares a protestar nas ruas, é absolutamente natural de uma sociedade que quer mais. Acontece na França quase todos os anos.
 

Mais notícias