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Da cordialidade à afronta: títulos de cidadania passam a ser elementos de discórdia e explicações

Edvaldo Araújo
edvaldo@focus.jor.br
A discórdia e a irracionalidade política chegaram aos títulos de cidadania cearense. Nesta sexta-feira, 7, dois deputados dos “extremos que se opõem”, André Fernandes (PSL) e Elmano de Freitas (PT), viveram momentos parecidos ao terem que explicar aos seus seguidores/correligionários os motivos que os levaram a agir de forma “racional”.
As disputas por títulos de cidadania já viveram pelo menos três fases distintas. Num primeiro momento, foram elementos de extrema expressividade, quando ganhavam realmente aqueles que se destacavam por contribuição à “terrinha” ou que tinham espaços reservados na conjuntura nacional. Vê-los aprovados era sinal de honra.
Mas, aos poucos, as coisas foram se perdendo e sobrou quase nada desta época. A quantidade excessiva de concessões e a falta de critérios foram manchando as tintas dos diplomas de cidadania. A tradição perdeu-se e, em muitos casos, ganhou ares de vulgaridade e banalidade.
Numa segunda etapa, os títulos de cidadania ganharam uma moldura política e passaram a ser dados a personalidades que serviam de referência ideológica e política. Aqui, um parêntese: mesmo em campos opostos, os parlamentares respeitavam convicções opostas. (E isso servirá para o que falo a seguir)
Andamos e chegamos ao período do consenso. Em uma atitude cordial, lembro-me bem disso, parlamentares chegaram a um acordo de que propostas de título de cidadania não eram afrontados internamente, afinal, não se tratava de dizer quem merecia ou não, mas de homenagear. Foi-se também este tempo.
Agora, a briga de extremos chegou aos títulos de cidadania. Nesta sexta-feira, 7, os dois extremos mostraram que a política está mais para ódio que para racionalidade. Raivoso, André Fernandes, deputado estadual do PSL, recorreu às redes sociais para explicar seu voto favorável ao projeto de Elmano de Freitas (PT) que concede título de cidadania a João Stédile, dirigente do MST.
Com adjetivo de “vagabundo” dirigido ao dirigente do MST, mostrou aos seguidores/correligionários que tentará impedir o prosseguimento da proposição. E que o voto na CCJ da Assembleia foi só uma posição pela constitucionalidade natural à situação. Justificou-se.
Elmano de Freitas (PT) não deve ter tido tempo de ver as justificativas de Fernandes. Suas atenções estão mais voltadas para os comentários em redes sociais e para a nota do PT que questiona a proposta de dar à Damares Alves, Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro, o título de cidadã cearense. Freitas, bem como o petista Fernando Santana, assinou a proposição, por cortesia, como acontece no Parlamento. Agora, resta-lhe explicar ao outro extremo estas “permissividades” democráticas.
E assim caminha a política.
Veja a Projeto de Lei de Cidadania a Damares Alves
Veja a nota do PT
NOTA OFICIAL
O Coletivo Estadual da Secretaria de Mulheres do PT e o Coletivo Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT-Ce repudiam a proposta que tramita na Assembleia Legislativa para homenagear com o título de cidadã cearense a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Bolsonaro, Damares Alves.
Tal propositura ofende a todas as mulheres que com muita luta e dignidade vem enfrentando o machismo e tentando mudar a cultura do patriarcado que considera a mulher uma propriedade dos homens.
A ministra tem se destacado por suas posições preconceituosas em relação ao empoderamento das mulheres. “A mulher deve ser submissa ao homem no casamento”; “as agressões às mulheres são decorrentes da ideia que homens e mulheres são iguais: já que a menina é igual, ela aguenta apanhar”; “menino veste azul e menina veste rosa”, são algumas das opiniões manifestadas por quem deveria estar lutando por nossos direitos e não contra eles.
Além desses posicionamentos, a ministra é uma das principais responsáveis pelo desmonte das políticas sociais do governo Bolsonaro, trazendo de volta a indigência e a miséria para a grande maioria da população brasileira.
Diante disso, nos colocamos contra essa homenagem que só vem a desvalorizar nossa cidadania e conclamamos que as/os parlamentares retirem a assinatura do projeto de lei 355/19, ora em tramitação na Assembleia Legislativa do Ceará.
Coletivo Estadual da Secretaria de Mulheres do PT Ceará
Coletivo Estadual da Mulher Trabalhadora da CUT-Ce
06/06/2019
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