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Capitão Wagner e aliados são os maiores derrotados com a aventura dos amotinados

Ao centro, Wagner anuncia em vídeo a vitória após acordo com o Governo. À sua direita, Noélio e Reginauro vão na mesma linha. No fim, sobrou uma grande derrota.

Ponto de Vista Focus
focus@focus.jor.br

Não é apenas o fim de um movimento ilegal. Do ponto de vista político, o governador Camilo Santana obteve uma vitória política de grande envergadura. Fez certo ao endurecer. Não deu as demonstrações de fraqueza que certamente fortaleceria e engrossaria o movimento. Agiu rápido ao mobilizar aliados para aprovar a toque de caixa uma emenda que simplesmente proíbe anistias a policiais amotinados. Matou o movimento de cansaço e inanição, deixando que a profunda impopularidade do motim fizesse o resto.

Foi uma dura lição para lideranças cuja experiência anterior já havia colocado o Estado e a sociedade contra a parede.

O motim passou longe de ter a adesão da maioria. Os líderes com mandato eletivo foram inábeis e vacilantes. Fizeram o acordo com o Governo e não tiveram a virtude de segurar a posição diante de um pedaço da base radicalizada. Permitiram que o Cabo Sabino, um ex-deputado federal derrotado da última eleição, se aproveitasse da insatisfação de alguns para puxar o motim.

Capitão Wagner (deputado federal), Soldado Noélio (deputado estadual) e Sargento Reginauro (vereador) não entenderam que era hora de ficar ao lado do povo e da sociedade e não ao lado de um pedaço extremado da corporação disposta a seguir o discurso de um político. O trio saiu derrotado e politicamente fragilizado. A candidatura a prefeito de Wagner perdeu fôlego. Foi politicamente muito ruim o seu périplo com dois deputados de outros estados que, assim como ele, carregam a patente militar em seus mandatos civis.

O trio tinha um bom acordo nas mãos. Internamente, o Governo sabia que tinha cedido demais no acerto. No entanto, o desenrolar dos acontecimentos fez com que Camilo e seus aliados, incluindo o senador Cid Gomes e o prefeito Roberto Cláudio, saíssem politicamente mais fortes do que já eram.

O vídeo gravado pelo senador Major Olímpio, de São Paulo, foi outro duro golpe. Oriundo de uma Polícia Militar que nunca tolerou a anarquia e o desrespeito à hierarquia, Olímpio tratou da coisa como a coisa é: um motim “com falsas lideranças”, que jamais poderia ser assimilado pela sociedade, pelo Estado e muito menos pela própria instituição Polícia Militar, que, no Brasil é mais antiga que o próprio Estado.

Além da derrota política, as associações dos servidores da área de segurança sofreram o mais duro golpe possível. O Governo foi no fígado ao retirar a injeção financeira automática descontada diretamente dos salários. Por isso, eram entidades fortes e com alto grau de mobilização. Eram como um sindicato grande vitaminado pela contribuição obrigatória de antes da reforma trabalhista. Agora, vão ter que fazer um imenso esforço para que os associados contribuam espontaneamente.

Restam tarefas ao Governo. Uma delas é acabar com o 18º Batalhão da PM lá no bairro Antônio Bezerra. Foi lá que, tanto em dezembro de 2011 quanto agora, os amotinados montaram suas trincheiras. É óbvio que o lugar não foi escolhido à toa. Tem uma situação geográfica estratégica que facilita a organização do motim. Uma sugestão: transformar aquele Batalhão em uma escola exemplar.

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