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Avanço do ESG: principal equívoco de executivos é acreditar que a agenda é sinônimo de caridade

Nicolaos Theodorakis é fundador e CEO da Noah, startup que oferece solução tecnológica para a construção civil com estruturas em madeira. Foto: Divulgação

Por Nicolaos Theodorakis

Antes de mais nada, precisamos desmistificar o mindset que investir em empresas, fundos ou índices associados à agenda ESG trata-se de boa ação. E, para isso, é válido relembrar que historicamente a sigla foi utilizada primeiramente em 2004, em uma publicação do pacto global da ONU, em parceria com o banco mundial, intitulado “who cares wins”, isto é, “ganha quem se importa”.

Agregar aspectos ambientais, sociais e de governança no mercado financeiro, além de inúmeros desafios, possui custos. Ou seja, ESG não é sinônimo de caridade. Muito pelo contrário, sustentabilidade tornou-se palavra de ordem no mundo e, diariamente, empresas que possuem ações sustentáveis estão à frente da concorrência. Hoje, mais do que nunca, ser sustentável é imprescindível no mercado.

O motivo pelo qual é preciso corrigir o equívoco de associar a agenda à caridade é que esse movimento é inevitável e em um futuro próximo, mal visto estará quem ainda não se adequou. Quando associamos um projeto global de conformidade a uma boa ação, perde-se a consciência de que as mudanças são obrigatórias e vão trazer retorno financeiro a médio e longo prazo. Executivos que buscam manter seus indicadores conectados à responsabilidade social e ambiental e uma política de governança corporativa estruturada, transformam suas operações em diversos aspectos.

Tornar os critérios de sustentabilidade intrínsecos à rotina da empresa traz lucratividade, valor de mercado e, sobretudo, transparência. Há apenas um ponto de atenção: estar relacionado ao conceito de greenwashing, conhecidamente como lavagem verde precisa ser evitado. Praticado muitas vezes por empresas, ONGs e instituições públicas ou privadas, o conceito está associado a falsos discursos sobre possíveis soluções de impacto ambiental que não existem ou não são adotadas.

Resiliência e inovação são características fundamentais para as empresas com forte atuação na agenda ESG. A partir da redução dos custos e risco de multas, aliado ao aumento da eficiência e adaptabilidade às megatendências de sustentabilidade, os investimentos tornam-se mais sólidos e consistentes a longo prazo. Em suma, é possível ser sustentável, contribuir para a redução das crises climáticas e apostar em um investimento mais seguro, que traz menos risco e mais qualidade.

Segundo um levantamento da consultoria ETFGI, a alocação de capital de fundos negociados em bolsas – ETF em inglês – focados em ESG superou a marca de US$ 370 bilhões em 2021, um salto de 84% em relação a 2020. Embora ainda seja tímido no Brasil, a oferta de fundos de ações e de renda fixa sustentáveis aos poucos têm crescido no mercado brasileiro: a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), reconheceu 22 fundos de janeiro a julho deste ano e identificou um aumento de 74% no número de ações que se enquadram na temática sustentabilidade e de governança corporativa de 2008 a março de 2022.

Com investidores cada vez mais pragmáticos, retornos acima da média ou valuation atrativo não são mais decisórios. Fato é que, mesmo diante da crise mundial, há inúmeras evidências de que os fundos ESG à longo prazo permanecem favoráveis, contribuindo para uma geração de recursos mais estáveis e duradouros.

Inclusive, alguns professores da Harvard analisaram 2.307 empresas que se destacaram por práticas ESG ao longo de 20 anos e concluíram que os acionistas obtiveram um retorno adicional de 9% ao ano. Ou seja, investir em ESG faz bem para o mundo e para o bolso. Embora ainda haja desconfianças, conhecer o mercado e entender como o tema agrega valor à marca é fundamental para termos empresas mais sustentáveis e rentáveis em um futuro próximo.

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