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A recuperação econômica do Brasil. Por Igor de Lucena

Articulista do Focus, Igor Macedo de Lucena é economista e empresário. Professor do curso de Ciências Econômicas da UniFanor Wyden; Fellow Associate of the Chatham House – the Royal Institute of International Affairs  e Membre Associé du IFRI – Institut Français des Relations Internationales.

Talvez a pergunta que está mais na cabeça dos brasileiros atualmente, em especial dos empresários e dos empregados, seja: “quando a economia brasileira vai se recuperar?“. Quando eu me refiro à economia brasileira, não estou falando de um setor ou de outro em específico, estou falando sobre o conjunto das atividades econômicas em geral, os que envolvem o setor da agricultura, da indústria e dos serviços. Em especial o setor de serviços, que corresponde a 70% do PIB brasileiro e por motivos óbvios precisa de contato humano.

Acompanhamos diariamente o fechamento de restaurantes, bares, casas de espetáculos e empresas de eventos que empregam centenas de milhares de pessoas em todo o Brasil, e sua deterioração ao longo de 2021 pode dificultar severamente o retorno de toda a economia brasileira e complicar ainda mais a vida para os brasileiros. 

O  retorno de medidas severas como o fechamento de bares e restaurantes no final de semana, período em que muitos deles têm mais de 50% do seu faturamento mensal, se por um lado é considerado pelas autoridades de saúde uma medida para a contenção do contágio, por outro é visto como a última ‘facada no peito‘ de milhares de empresas ‘jogando‘ milhares de famílias na pobreza e sem nenhuma outra possibilidade de obter seu sustento, o que ainda poderá agravar-se evoluindo para uma situação de miséria. 

Ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, que realizaram mais uma série de restrições, embora atrelada a novos benefícios para os setores mais afetados, os governadores dos estados brasileiros estão restringindo as atividades econômicas sem nenhum tipo de nova ajuda financeira do Governo Federal, o que na prática torna a situação ainda pior. Não é à toa que cidades do interior de São Paulo estão desrespeitando as novas regras por terem a certeza de que não serão apenas 15 dias “de aperto“ como se leem nos decretos, e os governadores e os prefeitos já se mostram sem credibilidade, principalmente porque, ao contrário do que pregam na propaganda oficial do Governo, há poucos meses, nas eleições, eram os principais aglomeradores de pessoas, isso sem nenhum protocolo respeitado, o que pode ter contribuído negativamente para o avanço da doença.

Do que adianta voltar com restrições e pedir a compressão da população, em especial do setor de serviços, se o exemplo que deveria vir das autoridades foi o pior possível, com candidatos doentes, equipes de campanha aglomerando diariamente e passando uma impressão de que não havia pandemia durante o período eleitoral?

O que hoje se apresenta nada mais é do que a autêntica figura da hipocrisia em todo o Brasil, e pôr a culpa nos donos de restaurantes, bares, empresas de eventos e no setor de serviços em geral não só mostra incompetência das autoridades, mas também a falta de preparo delas. Talvez esse exemplo em relação ao que ocorre hoje seja a mais cruel e necessária hora para os eleitores ‘acordarem‘ e deixarem de eleger pessoas incapazes para cargos públicos, ou simplesmente fazerem como a cita a célebre frase, atribuída a Benjamin Franklin, porém nunca confirmada: “Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo“.

Em suma, não há volta para a economia brasileira com força total sem a volta total e definitiva do setor de serviços… E não haverá volta do setor de serviços sem a aplicação de uma vacina eficaz em massa. Esses são os pontos principais que devem ser focados pelos governadores e pelos prefeitos agora mesmo, eles precisam definir sua missão principal e onde seus esforços devem se concentrar dia a dia, sempre em favor dos cidadãos brasileiros, independente de situação econômica.

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