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2022: O inferno de Lula são os outros. Por Ricardo Alcântara

Ricardo Alcântara é publicitário e escritor.

Lula cuida de manter o entusiasmo de seu rebanho, mas reforça o cercado: enquanto o gado esclarecido já quase comemora sua posse, ele sabe o tamanho do desafio que terá pela frente.

Não o soubesse, não estaria desejando fazer uma acautelada aliança com o centro light de Gilberto Kassab, a quem ofereceu um lugar na chapa presidencial para o ex-tucano Geraldo Alkmin.

E o faz com o sentido estratégico de fechar passagem ao crescimento de uma candidatura da chamada “terceira via”, adotando a regra de dividir a oposição para vencê-la.

Lula busca aliança com o centro light porque sabe: seu verdadeiro adversário se chama Rejeição – e a dele é, por sabidas razões, tão alta quanto a de Bolsonaro.

Daí que, contra o presidente, seu oponente preferencial, a vulnerabilidade estaria neutralizada (“ruim comigo, pior com ele”). Contra outro, poderia não obter o graal dos 50%+1 voto.

Há demasiada fé e escassez de cálculo no “já ganhou” da base lulista (compreensível até, em adeptos de um candidato com passaporte carimbado para o segundo turno a um ano ainda da eleição).

Mas Lula da Silva sabe que o eleitorado conservador brasileiro está consolidado em cerca de 35% e, por sua vez, a base de rejeição sua ainda é superior a isso em torno de 10%.

Logo, para neutralizar seu fator mais vulnerável, ele precisa enfrentar um candidato com rejeição igualmente elevada e, no momento, só há um em oferta: o atual presidente.

Chegaria forte ao segundo turno, com potencial de aglutinação, qualquer outro que conseguisse transpor a barreira do primeiro turno, o que também não está nada fácil para nenhum deles.

Mas, a um ano das eleições, pesquisas de opinião ainda estão condicionadas por fatores de recall: o eleitor reage com os olhos no retrovisor, não observa o cenário em perspectiva.

O processo de disputa, uma vez instalado, poderá trazer à tona sentimentos mais atualizados e as incertezas relativas ao quadro pandêmico terão influência decisiva sobre os humores do eleitor.

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